HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Bispo acusa políticos de fazerem
leis para se protegerem
O
bispo de Beja acusou os políticos de fazerem leis para se "protegerem" e
de se deixarem "dominar por "lobbies` poderosos" quando estão no poder,
o que tem levado "muita gente" a deixar de "acreditar e confiar" neles.
"Muita gente deixou de acreditar e
confiar nos políticos, porque, uma vez no poder, fazem leis para se
protegerem e deixam-se dominar por "lobbies` poderosos, que lhes
prometem segurança, uma vez deixada a vida política", refere António
Vitalino Dantas, numa nota publicada no sítio de internet da Diocese de
Beja.
"Há muitos interesses instalados", alerta, defendendo que
"o povo só voltará a confiar nos políticos e na justiça quando os seus
procedimentos se tornarem mais transparentes e renunciarem a algumas
benesses, que se foram acumulando ao longo dos anos e que contribuíram
para aumentar o fosso das desigualdades".
Segundo o bispo, a "separação clássica" entre os
poderes legislativo, judicial e executivo "não está a funcionar bem
entre nós", porque "as pessoas passam de um para o outro e perdem a sua
autonomia e liberdade".
"As democracias baseiam-se na autonomia destes três
poderes", mas "hoje surgiram outros poderes, que se infiltram e os
enfraquecem, como é o caso dos meios de comunicação, que alguns
denominam de quarto poder", afirma, referindo que "ainda mais forte é,
hoje, o poder financeiro, muitas vezes anónimo, sem atenção pela
dignidade das pessoas e corrosivo dos valores morais".
Na nota, António Vitalino Dantas reage à palavra
"refundação" que, afirma, tem andado "na baila" após ter sido usada no
sábado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a propósito do
Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) a Portugal.
"Afinal, de que precisa o nosso país? De uma
refundação ou de uma organização mais transparente, participada e
responsável? Queremos mais Estado ou mais iniciativa particular, mais
impostos para alimentar um Estado absorvente e omnipresente ou menos
carga fiscal com cidadãos mais intervenientes e corresponsáveis pelo bem
comum?", questiona o bispo.
Vitalino Dantas mostra-se "convencido" de que "sem
conversão pessoal e identificação com valores morais, que fomentem mais
humanidade, mais verdade, mais respeito e amor uns pelos outros, mais
igualdade e empenho pelo bem dos concidadãos, sobretudo os mais frágeis,
não acertaremos o caminho para a construção dum país fraterno, com mais
igualdade e livre de estruturas pesadas e escravizantes".
No sábado, Pedro Passos Coelho tinha afirmado que,
até 2014, vai realizar-se uma reforma do Estado que constituirá uma
"refundação" do PAEF e defendeu que o PS deve estar comprometido com
esse processo.
Na terça-feira, o primeiro-ministro justificou o uso
da palavra "refundação", explicando que as reduções de despesa
compatíveis com a manutenção da atual estrutura do setor público
chegaram "muito próximo do seu limite" e, por isso, "é preciso fazer uma
reforma estrutural do Estado" para ultrapassar a atual crise.
* Já nos chegava a "implementação" para nos implementarem a crise, agora, sinceramente, com a "refundação" o que nos irão "refunder"???
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