A bandeira
foi de propósito
Ninguém me tira da cabeça que o brilhante e simbólico momento que foi o desfraldar da bandeira nacional ao contrário foi uma acção premeditada pela entourage de António Costa para assinalar o momento político. A bandeira de pernas para o ar - haverá melhor símbolo do que este?
Deve ter sido assim que a coisa se passou: farto de ver o seu partido
gerido por uma espécie de espargo branco, sentindo que à genuína
indignação dos portugueses faltava uma voz com peso e solenidade
institucional, António Costa resolveu substituir-se ao Presidente da
República - um Presidente fatigado pelo peso da sua responsabilidade no
défice e por ter apadrinhado esta turma de indigentes intelectuais
crescida na escola onde foi mestre, o PSD.
Para assinalar o
facto, dar mais força ao assunto e ao momento terá ordenado a inversão
da bandeira. Talvez ele tenha lido, há um ano, o artigo que aqui escrevi por ocasião do 5 de Outubro,
“O mau discurso” , e se tenha lembrado que a oratória é uma arma que
serve a esperança, que dá força e mobiliza. Quem certamente não leu o
artigo foi o Presidente propriamente dito, que teve a arte de fazer mais
um discurso educado, bem intencionado e frouxo.
Mas o meu assunto hoje era a bandeira. Volto então a ele…
Tendo
resolvido assumir a responsabilidade do discurso da República opondo-se
às medidas que o governo anunciara a mando dos credores do pobre (que não nobre) povo,
António Costa terá sido aconselhado pela sua criativa equipa que esta
inversão de papéis deveria ser acompanhada por um gesto inequívoco, não
fosse passar desapercebida aos repórteres presentes no local. Daí a
bandeira de pernas para o ar hasteada a quatro mãos por ele próprio e
pelo Presidente.
Duma penada o presidente da Câmara de Lisboa
usurpou os papéis do Presidente da República e do líder da oposição e
hasteou a bandeira com um invertido e criativo simbolismo. Tudo terá
sido previamente concebido e levado a cabo de forma profissional. A
operação foi o sucesso que se conhece nas redes sociais, nas TV e nos
jornais.
Claro que tudo isto não passa de conjectura, até porque
a minha fonte é uma agência de comunicação especialista em teorias da
conspiração. Mas também lhe digo, caro leitor: se não foi o António
Costa o responsável pela bandeira ao contrário ou se não foi uma acção
subversiva levada a cabo por um velho militante do PCP - um dos muitos
infiltrados ao longo de quase 40 anos de democracia nas estruturas do
poder -, se não foi também nenhum dos suspeitos do costume então a coisa
é muito, muito mais grave do que qualquer conspiração.
É muito mais grave porque então foi karma. E do karma, é sabido, ninguém se livra.
IN "DINHEIRO VIVO"
12/10/12
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