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"PÚBLICO"
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Professores portugueses com mais stress do que população norte-americana
Os professores portugueses têm um nível de stress superior à população
norte-americana, considerada uma das sociedades mais stressadas, conclui
um estudo sobre o esgotamento físico e mental dos docentes portugueses.
Alexandre Ramos, autor do estudo sobre burnout (esgotamento
físico e mental) entre os docentes portugueses, explica que, com base
nas suas conclusões, “a grande maioria dos professores encontra-se em
níveis médios e baixos de burnout, mas nenhum se encontra no estado de ausência [de burnout], o que parece ser preocupante”.
“Se
queremos preservar a qualidade de ensino nas escolas, é indispensável
preocuparmo-nos seriamente e imediatamente com a saúde dos professores”,
alerta o especialista, que considera o problema preocupante por causa
da qualidade de ensino nas escolas.
O especialista realçou ainda
que “os professores portugueses têm um nível de stress superior à
população norte-americana”, considerada uma das sociedades mais
stressante e onde o valor (de burnout) é de 13,02.
O psicólogo clínico e de aconselhamento explicou que o burnout tem três dimensões: a exaustão emocional, a despersonalização e a perda de realização pessoal no trabalho.
O nível de burnout detectado por Alexandre Ramos era baixo em 35,8 % dos professores, médio em 43,8% e alto em 20,4%.
“Nenhum dos professores inquiridos apresentava ausência de burnout,
ou seja, condições nulas em exaustão emocional e despersonalização, nem
pontuações elevadas na realização pessoal no trabalho”, referiu.
Os factores que o psicólogo clínico e de aconselhamento aponta como contributos para a situação de burnout
são “a indisciplina dos alunos, as más relações com os colegas de
trabalho e com a direcção, a carga objectiva de trabalho e a
burocracia”.
O investigador recorda que “um nível muito elevado de burnout está altamente associado a problemas de saúde e absentismo no trabalho”.
Os
sintomas de mau estar ocupacional mais relatados são a falta de tempo
para a família e amigos, dores musculares, de coluna e de cabeça, perda
de energia e cansaço, irritabilidade e perda de paciência com
facilidade, esquecimentos e sentimento de falta de reconhecimento
profissional.
Alexandre Ramos realizou dois trabalhos: um estudo
na Escola Secundária de Camões (com 26 dos 140 professores) e outro
abrangendo dez escolas a nível nacional. Quando comparou o nível de
stress dos professores com dados obtidos em 2002, o investigador
verificou, contudo, que se regista uma ligeira descida, passando de
19,17 para 17,45%.
O investigador também concluiu que os professores menos propensos a burnout
são os de informática e avança uma possível explicação: “Talvez os
níveis de indisciplina sejam menores nessas aulas, pois os alunos estão
mais ocupados a trabalhar no computador”.
Por outro lado, as
professoras tendem a apresentar níveis de “stress percebido” e alguns
sintomas de mau estar ocupacional, físicos e emocionais
significativamente superiores aos homens.
Já os professores do
sexo masculino “tendem a revelar níveis mais altos de despersonalização
ou cinismo, o que significa olhar para os alunos e vê-los como meros
objectos”, acrescenta.
* Alguém se admira com os resultados desta investigação? O docente está submerso em burocracia, em obrigações para cumprir estatística porque o objectivo do governo não é educar mas mostrar números.
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