HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Reformado obriga Câmara de Lisboa
a admitir "falhas" em obra
Um
reformado, que passava, esta segunda-feira, junto à apresentação do
novo sistema de circulação rodoviário no Marquês de Pombal, em Lisboa,
conseguiu detetar aquilo que passou despercebido aos que ali estavam: a
Câmara não criou nem sarjetas, nem caleiras, e não prevê construí-las
até Dezembro. O idoso obrigou a diretora municipal a admitir "falhas
técnicas".
As alterações na rede viária da Avenida da Liberdade - uma das mais
poluídas da Europa -, que decorreram nas últimas semanas, durante dia e
noite, não contemplaram a construção de sumidouros na rotunda exterior
do Marquês de Pombal.
Só quando terminar a fase de testes ao novo
formato de circulação e se o resultado corresponder aos objetivos do
município, é que, então, tais estruturas de escoamento de águas surgirão
- de modo a que não se encareça o investimento inicial, de 750 mil
euros, sem se perceber se resultará.
A ausência de uma rede de
sarjetas passaria despercebida, esta manhã, durante a apresentação do
novo conceito da Rotunda do Marquês de Pombal, com a presença do
presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), e dos vereadores do
Urbanismo, Manuel Salgado, e Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, se um
simples cidadão não interrompesse o líder municipal, questionando sobre
aquela falha.
"Senhor presidente, ninguém me encomendou este
sermão, mas deixe-me que lhe diga: além da magnífica obra, a Câmara
conseguiu criar o futuro 'Rio do Marquês'", começou, por dizer, Luís
Garcia, de 74 anos.
Este reformado, antigo trabalhador da
construção civil, que atalhava caminho em direção às instalações da EDP,
ainda tentou interromper António Costa, quando este discursava. Como
não pôde falar, Luís Garcia tratou de inspecionar a obra naqueles
instantes. Assim que o autarca lhe permitiu intervir, o ex-eletricista
acusou os técnicos municipais de "não saberem fazer obras".
"Então,
comecei a olhar para isto e pensei: constroem estas bermas, colocam
alcatrão e depois não puseram sumidouros? Quando chover, vai entrar água
no prédio do 'Diário de Notícias'. Ó senhor presidente, tenho mais de
60 anos de obras, comecei aos 14, e olhe que ninguém me encomendou este
parecer. Estava apenas de passagem....", frisou o septuagenário, morador
na freguesia do Lumiar, alertando que, com uma maior pluviosidade, as
caves do edifício do Instituto Camões, cujas janelas estão ao nível das
bermas, poderão ficar inundadas.
Segundo a diretora municipal do
Departamento de Projetos e Obras, Helena Bicho, com o arranque dos
trabalhos em Agosto, os técnicos verificaram que a estrutura da estação
do metropolitano de Lisboa ali no Marquês "não era aquela que se previa e
que constava no projeto original", constituindo um entrave ao projeto.
"(Estas)
são obras provisórias. São obras que tem em vista um período
experimental e realizadas num curto espaço de tempo", respondeu a
responsável, acrescentando que "a questão de drenagem não está
esquecida".
"Vai ser feito com ligação ao coletor. Encontrámos
aqui dificuldades técnicas terríveis, e que estão por agora tapadas, que
nos obrigaram a adiar essa questão, que não é determinante. Essa
questão vai ser colmatada", garantiu Helena Bicho.
"Este senhor
tem razão: temos dois pontos que são falhas técnicas. Não são bem falhas
técnicas porque havia um prazo. Encontrámos problemas na laje de
cobertura do metro. Encontrámos maciços e vigas que não estavam
previstos, que não constavam no projeto da construção do metro",
concluiu a diretora municipal, admitindo ainda que em relação a um dos
passeios também "o desempeno não está perfeito".
O novo sistema de
circulação no eixo da Avenida da Liberdade/Marquês de Pombal entrará em
vigor já no próximo domingo e estará em fase de testes até final do
ano, segundo o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS).
* As "bichices" da directora Helena revelam o seguinte:
- Um desleixo absoluto dos responsáveis dos projectos camarários que provocam obras à posteriori, mais dinheiro gasto desnecessáriamente.
- Uma vergonha para a autarquia ser chamada à atenção por um transeunte.
- Se os técnicos descobriram entraves à obra projectada não avançavam com ela, mas o organigrama eleitoralista não perdoa, nem que se faça errado tem de se fazer, a bem do poder!
Temos pena de António Costa, não merecia estar acompanhado deste irresponsáveis.
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