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HOJE NO
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Bancos denunciam quase 1000 suspeitas de lavagem de dinheiro
No primeiro semestre do ano, só as instituições bancárias participaram 165 movimentos financeiros atípicos por dia
O número de operações financeiras suspeitas de estarem relacionadas com
o branqueamento de capitais está a aumentar este ano. Só os bancos
reportaram, no primeiro semestre do ano, quase 1000 transacções
bancárias, de clientes particulares e empresariais, às autoridades
judiciais - Ministério Público e Unidade de Informação Financeira (UIF)
da Polícia Judiciária (PJ).
A manter-se este ritmo, o número de denúncias atingirá um novo recorde
em 2012. Os montantes congelados até agora ultrapassaram já o valor
global de fundos suspensos em 2011.
De acordo com os dados avançados pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) ao i,
só as instituições bancárias participaram 992 operações bancárias
realizadas e/ou por concretizar que, pela sua natureza, montante ou
características, indiciavam a movimentação de valores provenientes de
actividades ilícitas. Em média, os bancos comunicaram cerca de 165
movimentos financeiros suspeitos por dia de Janeiro a Junho deste ano.
Este elevado número de denúncias representa um crescimento de 19% face
às 833 participações efectuadas no primeiro semestre de 2011.
Segundo o DCIAP, das denúncias resultaram, para já, 60 processos e
foram arquivadas 228 suspeitas. As restantes continuam em fase de
averiguação.
Congelamento
O montante em causa nestas operações bancárias é de cerca de 14 milhões
de euros, revela o DCIAP. No entanto, nem só os bancos são obrigados a
comunicar as operações suspeitas de branqueamento de capitais e
financiamento ao terrorismo. Instituições de pagamento, agências de
câmbio e entidades não financeiras como casinos, advogados, notários e
registos são obrigadas a participar, de imediato, ao Ministério Público e
Unidade de Informação Financeira sempre que saibam ou suspeitem da
movimentação de valores provenientes de actividades ilícitas.
Em 2011, foram comunicadas 9728 operações e congelados 30 milhões de
euros, de acordo com o relatório anual da UIF. No primeiro semestre
deste ano, sabe o i, o montante de fundos suspensos já tinha ultrapassado o valor de 2011.
Este retrato não será alheio à actual conjuntura de crise económica,
marcada por um agravamento fiscal, aumento do desemprego e por forte
cortes no rendimento que poderão ter incentivado comportamentos menos
lícitos.
O crime de branqueamento de capitais pressupõe sempre um crime
precedente, que origina o dinheiro que está a ser alvo de lavagem. No
ordenamento jurídico português, o branqueamento de capitais é “o
processo pelo qual os autores de algumas actividades criminosas encobrem
a origem dos bens e rendimentos (vantagens) obtidos ilicitamente,
transformando a liquidez proveniente dessas actividades em capitais
reutilizáveis legalmente, por dissimulação da origem ou do verdadeiro
proprietário dos fundos”. Cerca de 60% das suspeitas de lavagem de
dinheiro têm origem em indícios de fraude fiscal, de acordo com o mesmo
relatório da Polícia Judiciária.
Fuga
O
combate à fuga e à evasão fiscal é uma das prioridades deste governo.
Também a banca e as autoridades estão a apertar o cerco às transacções
suspeitas. No início desta semana, o DCIAP revelou estar a investigar a
intervenção de alguns dos assessores financeiros do Estado nas
privatizações da REN e da EDP, uma investigação que teve origem no
processo “Monte Branco”, a maior rede de fuga ao fisco e branqueamento
de capitais desmantelada em Portugal.
Recentemente, a procuradora Cândida Almeida manifestou “optimismo” nos
resultados do combate à lavagem de dinheiro. Em declarações à agência
Lusa na Cidade da Praia, onde participou como oradora num ciclo de
conferências organizado pela PGR de Cabo Verde, a responsável pelo DCIAP
sublinhou que os resultados, ainda “longe de serem esmagadores”,
“começam a aparecer” e “são encorajadores”. “Neste momento, (a luta
contra a lavagem de capitais) vejo-a com uma melhoria cada vez mais
sentida. Esta luta é relativamente recente”, afirmou.
Cândida Almeida elogiou também a maior proactividade e rapidez das
entidades na comunicação de suspeitas. No sector financeiro, o Banco de
Portugal determinou recentemente que os bancos elaborem um relatório
anual sobre o seu sistema de prevenção de branqueamento de capitais e
financiamento de terrorismo. O relatório sobre as práticas de controlo
interno, avaliação e gestão de riscos, bem como de auditoria interna,
terá de chegar ao supervisor até 30 de Junho de cada ano. Este ano, o
relatório pode ser enviado até 30 de Setembro.
Os bancos terão de comunicar ao supervisor a “opinião global do órgão
de administração da instituição sobre a adequação e a eficácia do
respectivo sistema de controlo interno, no âmbito específico da
prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento do
terrorismo”. Esta legislação surge numa altura em que novos escândalos
de branqueamento de capitais centram as atenções da imprensa nacional.
Também a nível internacional se multiplicam os novos casos de lavagem
de dinheiro.
O banco britânico HSCB é suspeito de branquear capitais dos
cartéis de droga. O Senado norte-americano revelou, após um ano de
investigações, que os responsáveis do banco estavam a par de
“transacções secretas” de fundos de muitos milhões de euros para os
Estados Unidos, com proveniência do México, a Síria e o Irão, entre
outros países.
* Atão os Bancos portugueses são virgens morenas, não branqueiam????
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