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HOJE NO
"PÚBLICO"
Margens de lucro dos supermercados já chegavam a 70% há mais de dez anos
As margens de lucro dos supermercados na venda dos produtos agrícolas têm-se mantido estáveis desde 2000, chegando aos 70%, segundo o Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agro-alimentares. Mas o aumento dos custos de produção tem encolhido os ganhos dos produtores, que não conseguem reflectir no preço a subida destes encargos.
A relação entre fornecedores e retalho tem sido quase sempre marcada por alguma tensão, mas o tema voltou à agenda depois da promoção feita pelo Pingo Doce no 1.º de Maio.
O Observatório, criado pela Assembleia da República, analisou as margens de comercialização da alface, cenoura, maçã e pêra à venda, em Março, nos supermercados, e lembra que os dados de um estudo anterior, entre 2000 e 2006, já apontavam para margens de lucro das cadeias de distribuição naquela ordem.
“Desde que fizemos o último estudo, houve um agravamento maior para os produtores.
Os custos de produção, como a energia, água, combustíveis, agravaram-se”, explica presidente do observatório, Maria Antónia Figueiredo. A tendência das margens das cadeias de distribuição mantém-se, “mas com agravamento dos custos que os produtores têm que suportar”, sublinha.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) já veio criticar o estudo, acusando-o de falta de rigor por não ter em conta encargos assumidos pelos supermercados até o produto chegar à prateleira.
Para apurar o lucro das cadeias de retalho na venda de produtos alimentares, o observatório tem duas pessoas a fazer a recolha de dados. Em Março, foram analisados quatro produtos – no caso da alface a margem chegou, na primeira semana contabilizada nesses mês, aos 82%.
O desequilíbrio nas margens de lucro ao longo da cadeia de produção e distribuição que o observatório encontra na análise mais recente apontam para a mesma tendência sustentada nos registos de anos anteriores. Entre 2000 e 2006, o observatório analisou os preços da pêra rocha, maçã, cenoura e couve-flor, com base em números do Ministério de Economia, que deixou de fazer este levantamento em 2007.
Já nessa altura as grandes superfícies ficavam com cerca de 70% do valor que o consumidor paga pelos produtos. Só que, do lado do produtor, o ganho é hoje menor, por causa do aumento dos custos de produção, nota a presidente do organismo.
O desequilíbrio nas margens de lucro há muito que divide os produtores e as grandes cadeias de retalho. A posição da APED, afirmou à Lusa a presidente da associação, Ana Isabel Trigo Morais, “é de rejeição destes dados da maneira como estão trabalhados e das suas conclusões”.
Em causa, justificou, estão os custos suportados pelos retalhistas durante “o processo de transformação”, com as embalagens, encargos logísticos, de energia, a rede frio para garantir a frescura dos alimentos ou os custos com os recursos humanos.
A Autoridade Para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a investigar a campanha do Pingo Doce, para verificar se foi praticada, ou não, a venda de produtos abaixo do preço de custo. Sobre este caso, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, limitou-se a referir que aguarda as conclusões da ASAE, sublinhando que “estas iniciativas são comuns em vários países do mundo”, segundo a Lusa.
* E tu, meu rotundo e pançudo-sanguessugo,
meu desacreditado burguês apinocado
da rua dos bacalhoeiros do meu ódio
co'a Felicidade em casa a servir aos dias!
Tu tens em teu favor a glória fácil
igual à de outros tantos teus pedaços
que andam desajuntados neste Mundo,
desde a invenção do mau cheiro,
a estorvar o asseio geral.
Quanto mais penso em ti,
mais tenho Fé e creio
que Deus perdeu de vista o Adão de barro
e com pena fez outro de bosta de boi
por lhe faltar o barro e a inspiração!
E enquanto este Adão dormia
os ratos roeram-lhe os miolos,
e das caganitas nasceu a Eva burguesa!
IN "A CENA DO ÓDIO" DE ALMADA NEGREIROS
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