HOJE NO
"PÚBLICO"
Mafioso preso em Oliveira do Hospital estava
. protegido por namorada portuguesa
O napolitano que a Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem à tarde em Oliveira do Hospital é um operacional da Camorra, a máfia napolitana, que recentemente abateu o chefe de um clã rival. Com esse homicídio desencadeou uma série de actos violentos naquela cidade do Sul de Itália.
O suspeito, de 36 anos, foi detido numa operação relâmpago dos inspectores da UNCT, os quais não demoraram sequer um minuto para o localizar e imobilizar, não lhe dando assim qualquer possibilidade de reagir.
Apontado pela polícia como "muito perigoso", este homem chegou a Portugal há alguns meses. Estaria a viver com uma mulher portuguesa que já conhecia e deveria permanecer no país durante o tempo suficiente para que o homicídio de Nápoles fosse esquecido, bem como as vinganças entre o seu clã e o rival.
Em Itália, após o homicídio do rival mafioso, acabou por ser preso e condenado a uma pena de 29 anos e dez meses de prisão. No entanto, devido a diversos recursos judiciais, conseguiu manter-se em liberdade e preparar a fuga para um local que julgava seguro.
A troca de informações entre as polícias de Itália e Portugal foi determinante para a sua localização.
Com esta detenção são, pelo menos, quatro os elementos de famílias mafiosas italianas que acabaram detidos (em três casos) ou mortos (no primeiro dos episódios conhecidos) em Portugal.
No início da década de 1990, Mário Iovine, destacado mafioso do Sul de Itália que há vários anos havia simulado a própria morte num acidente de viação, acabou por ser abatido com dois tiros (no coração e na cabeça) por membros de uma família rival. Vivia na zona de Cascais, onde possuía uma empresa de pescado, e foi morto dentro de uma cabine telefónica, no centro da vila, onde se deslocava em dias certos para efectuar contactos com presumíveis comparsas.
Anos mais tarde seria preso um outro chefe mafioso.
Passaram-se alguns anos até que a sua extradição se concretizasse, pelo que foi necessário mudá-lo frequentemente de prisão. Entre os diversos planos de fuga detectados pela polícia portuguesa constava um que implicava a utilização de um helicóptero para o retirar do Estabelecimento Prisional do Linhó. Numa outra ocasião estava previsto o ataque, com armas de guerra, ao Estabelecimento Prisional de Coimbra (a PJ acabou por abater a tiro, no Areeiro, em Lisboa, o homem que transportava o armamento que deveria ser utilizado por um comando de jugoslavos).
Houve ainda inúmeras tentativas para subornar guardas prisionais.
Por fim, já na década de 2000, havia de ser detido um outro indivíduo com ligações à máfia italiana que andava fugido depois de ter cometido diversos roubos. Tinha um negócio de produtos alimentares na zona da Corunha, Espanha, apesar de frequentar preferencialmente as zonas de Lisboa e Santarém.
* Às vezes o crime não compensa e a culpa não é das polícias.
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