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Poder local.
O negócio que gira à volta das rotundas
As autarquias gastam milhões a construir rotundas. Algumas, até gastam dinheiro para as destruir, devido aos acidentes que provocam
Ninguém sabe exactamente quantas rotundas existem em Portugal. Como “a grande maioria da extensão de estradas em Portugal está sob jurisdição das autarquias”, explicou ao i a Estradas de Portugal, o jornal decidiu lançar o desafio a 308 municípios portugueses. As respostas não esclareceram esta questão, mas evidenciaram outras realidades.
Nove concelhos gastaram em 2010 perto de 2 milhões de euros a construir dez rotundas. E não se trata apenas de grandes metrópoles, mas de pequenos municípios, onde se incluem Carregal do Sal, Mesão Frio e Celorico de Basto, por exemplo.
Num grupo de 22 concelhos, dos quais os quatro maiores são Bragança, Seixal, Lagos e Faro, existem 422 rotundas.
Houve também quem tivesse o cuidado de responder, mas sem dar qualquer informação. Foi o caso da Amadora. O vereador Gabriel Oliveira disse que “no âmbito do processo de requalificação urbana que tem desenvolvido nos últimos anos, a câmara implementou várias rotundas no concelho”. Quantas não especifica. A verba dispendida, também não. Mas lembra que “um sistema de rotundas, desde que bem concebido, traz inúmeras vantagens ao tráfego”. O que nem sempre acontece.
Em Águeda, por exemplo, não foram construídas rotundas nos últimos seis anos. Mas uma teve de ser destruída: “O município procedeu à eliminação de uma rotunda na localidade de Borralha, uma vez que no local onde a mesma se encontrava ocorriam muitos acidentes”, fez saber a câmara.
Em 2011, com os cortes orçamentais, já quase não se construiram rotundas, mas não foi possível saber junto da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária se o número de acidentes aumentou.
Os valores das rotundas variam consoante a localização, a dimensão e a arquitectura. É verdade que todas (quase todas) são redondas, mas algumas têm esculturas em cobre, ferro, pedra, são relvadas, possuem flores, árvores, iluminação própria e muita água, entre outras características.
E são estas as particularidades que tornam os custos das rotundas ainda mais elevados. De tal forma, que há rotundas que não são iguais todo o ano, de noite ficam escuras, no Verão ficam secas.
A manutenção chega a custar, em alguns casos, mais do que a construção da própria rotunda ou muito perto disso. Um grupo de dez câmaras, e, uma vez mais, não se trata das maiores cidades, gasta perto de 500 mil euros por ano na manutenção das rotundas.
A Câmara Municipal de Alenquer, por exemplo, disse ao i que “a despesa anual do município com a manutenção das suas rotundas relativamente à limpeza conservação de espaços verdes é de 174,6 mil euros, mais 21,9 mil euros quanto à electricidade se a ligação for feita todo o dia ou 4,9 mil euros se apenas em período económico, e 7,3 mil euros relativamnete ao consumo de água”. No total, são perto de 200 mil euros que o concelho gasta para manter as suas rotundas.
A maioria das câmaras optou por não divulgas os custos de conservação, alegando não ter estes valores disponíveis.
Além destes valores, a despesa inerente às rotundas inclui, grande parte das vezes, a compra de obras de arte, cujos custos não aparecem aqui reflectidos.
* MARAVILHOSO PODER LOCAL....
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