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Secretário de Estado desafia farmacêuticas a
.adaptar .preços à carteira dos utentes
O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, desafiou a indústria farmacêutica a adaptar os preços dos medicamentos à capacidade de compra dos utentes.
O repto de Leal da Costa à indústria foi feito na VIII conferência da indústria farmacêutica "Inovação e longevidade: Os desafios colocados aos sistemas de saúde", que está a decorrer em Lisboa.
"O que claramente se vai percebendo é que a indústria farmacêutica, como qualquer outro produtor de bens de consumo, vai ter de se adaptar à capacidade de aquisição por parte dos países e das pessoas", explicou Leal da Costa à margem da conferência.
O secretário de Estado adiantou que, se a indústria inovadora não se adaptar a uma nova realidade de preços, "vai claramente ser cada vez mais ameaçada pelos agentes que surgem no mercado a fazer precisamente a mesma coisa por preços muito mais baixos. É o mercado a funcionar".
"As condições da tecnologia, que estão muito mais generalizadas, e a realidade económica financeira do mundo, leva a que, da mesma maneira que há salários que têm de ser reduzidos também há preços de bens que terão de baixar para acompanhar a capacidade de compra das pessoas", sublinhou.
Leal da Costa observou ainda que, quando se fala em inovação tecnológica, muitas vezes apenas corresponde a pequenas evoluções que servem para justificar "um acréscimo muito significativo do preço sem que haja um ganho terapêutico que o acompanhe".
Para diminuir a despesa do Estado com medicamentos, o secretário de Estado defendeu a necessidade de diminuir a carga da doença na sociedade: "Enquanto continuarmos a ter um número tão grande de doentes, provavelmente não teremos capacidade para continuar a tratá-los".
"Se formos sistematicamente e apenas atrás de uma lógica curativa de recurso sistemático à utilização de medicamentos, cada vez mais caros, para tentar minorar o mal que nós não fomos capazes de evitar não há sustentabilidade que chegue", acrescentou.
Por outro lado, defendeu, as escolhas em termos de tratamento "têm de ser cada vez mais racionais", utilizando um modelo que garanta o que é "verdadeiramente eficaz e verdadeiramente necessário e que nunca deve faltar às pessoas".
Fernando Leal da Costa anunciou ainda mudanças no sector dos ensaios clínicos: "Vamos remeter para o Infarmed [autoridade nacional do medicamento] e para a comissão de ética e investigação clínica uma proposta de alteração da lei".
O objectivo é, por um lado, criar um quadro legislativo para todo o tipo de ensaios clínicos e não apenas com medicamentos e, por outro lado, criar condições para que o processo de entrada de funcionamento dos ensaios clínicos seja mais célere, explicou.
"Mais do que uma fonte de rendimentos, os ensaios clínicos são uma fonte de qualidade e de potencial melhor tratamento e melhores cuidados para as pessoas", adiantou.
* MUITO BEM DITO
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