22/12/2011

JOANA AMARAL DIAS



Empastados

Sócrates afirmou que as dívidas são eternas e ergueu-se um coro de protestos. Agora, um deputado do PS disse que a renegociação é uma arma e o país ribombou com indignação. Ainda por cima, Pedro Nuno Santos acrescentou que os governos dos países endividados devem preocupar-se primeiro com quem deve. Escândalo.

Sim, as dívidas são eternas, os credores usam umas armas, os devedores outras, entre as quais a renegociação. Grande novidade. É impossível cumprir as condições que nos foram impostas. Uau. Surpresa. E quando uma pessoa singular ou colectiva não consegue pagar o que deve, se for responsável, tenta, o quanto antes, renegociar. Mais espanto.

Existem muitas razões para o estado da nação. O modelo de desenvolvimento errado, uma dívida que até podia ser menor não fossem as constantes cedências aos interesses que geraram parcerias público-privadas ou BPN, e uma crise financeira seguida da crise do euro. Muitos motivos. Mas uma delas é a sabujice informe. A principal causa do estertor é a extinção de massa crítica.


IN "CORREIO DA MANHÃ"
17/12/11


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