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90% das pessoas que se prostituem nas ruas já foram vítimas de agressão
Cerca de 90 por cento das pessoas que se prostituem na rua já foram vítimas de alguma forma de agressão. Os transexuais e os prostitutos são os mais violentados, disse à agência Lusa a investigadora Alexandra Oliveira.
Em Portugal, tal como noutros países, a vitimação sobre os trabalhadores do sexo atinge níveis bastante elevados, mas os mais afetados são os que prostituem na rua, com 80 a 90% a afirmarem já terem sido agredidos.
A violência verbal é mais referida, seguindo-se as agressões físicas, roubos e raptos, disse a investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciência da Educação da Universidade do Porto, a propósito do Dia Internacional contra a Violência sobre Trabalhadores do Sexo, que será assinalado sábado.
“Os transexuais e os homens que se prostituem na rua são ainda mais vítimas de violência e agressões do que as mulheres”, adiantou.
A investigadora explicou que os trabalhadores do sexo são “estigmatizados e rejeitados” e, no caso dos transexuais e prostitutos, há fatores que potenciam as agressões.
No caso dos transexuais, ao estigma de serem prostitutos, junta-se o de ser um homem visto com um corpo de mulher, enquanto aos prostitutos alia-se o estigma da homossexualidade, sustentou.
Em outros contextos, como apartamentos, casas de massagens ou bares, é também frequente ouvir relatos de histórias de agressão praticadas por clientes ou por homens que se fazem passar por clientes mas em menor número.
Nestes casos a violência assume outras formas, nomeadamente as pessoas serem forçadas à prática sexual.
Uma das causas apontadas para o índice elevado de violência sobre trabalhadores do sexo, Alexandra Oliveira aponta “a acessibilidade às vítimas”: “Se elas forem mais visíveis podem potenciar agressões”.
Muitas das vítimas optam por não apresentar queixa por considerarem que não resultam em punição para o agressor.
Contudo, um inquérito realizado pela investigadora em 2004 revelou que 2/3 das mulheres já tinham apresentado queixa às autoridades.
Mas há casos em que a situação da vítima a impede de recorrer às autoridades: “Se forem imigrantes ilegais a polícia não pode esquecer esse facto e tem de atuar perante essa situação”.
“Há relatos de prostitutas que trabalham em apartamentos que contam casos de indivíduos delinquentes que se organizam para as assaltar porque sabem que elas não vão fazer queixa à polícia porque são imigrantes ilegais”, contou.
“É mais uma situação de vulnerabilidade a juntar a tantas outras”, lamentou.
O facto de serem “pessoas sem direitos, sem voz, sem poder reivindicativo, dota os agressores de uma sensação de impunidade que faz com que as agridam”.
Alexandra Oliveira defende que a prostituição devia ser legal: “Devia ser feita uma legislação em prol destas pessoas, que as reconhecesse e protegesse”.
Assinalado há oito anos, o Dia Internacional Contra a Violência sobre os Trabalhadores do Sexo comemora-se a 17 de dezembro, dia em que Gary Leon Ridgway foi considerado culpado do homicídio de 48 mulheres nos Estados Unidos, a maioria trabalhadoras do sexo.
Condenado a prisão perpétua, Ridgway declarou que escolheu deliberadamente as trabalhadoras do sexo como vítimas porque “provavelmente, ninguém iria fazer queixa à polícia”.
“Escolhi prostitutas porque pensava que podia matar quantas quisesse sem ser apanhado”, argumentou.
* Uma p... duma vida.....
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