HOJE NO
"PÚBLICO"
Os suspensórios pretos de Sérgio M.
já têm um interessado
já têm um interessado
O portal de doação de bens edição online dou.pt é lançado hoje para promover a reutilização e combater o desperdício. Tudo começou com "um computador que pifou"
Sérgio M. deu uns suspensórios de cor preta. "Estado: Usado mas funcional. Razão: Gosto de dar. Opções de entrega: Em mão, combinamos num café aqui perto." Este foi um dos primeiros bens colocados no portal de doações edição online dou.pt que encontrou um interessado. O mesmo aconteceu com o livro As Aventuras de Sherlock Holmes e um adaptador USB com porta para telefone. A plataforma online de troca de bens é lançada oficialmente hoje, Dia Mundial da Poupança, passando a estar disponível a todos os utilizadores interessados.
Em Loures há quem queira dar umas sabrinas cinzentas novas número 40; em Cascais, um carrinho de bebé; em Alpiarça, uns óculos de sol. Mas também já lá estão DVD, um portátil que só funciona ligado à corrente e um "casaco creme, muito quentinho, praticamente novo". Como opções de entrega, os doadores podem sugerir, além do encontro num café perto da casa de quem doa, a entrega "por correio, despesas de portes à cobrança no destino", ou "venha buscar a minha casa". Da lista de bens estão excluídos animais e géneros alimentares.
A ideia do portal é simples: quantos tarecos tem em casa que já não usa mas que lhe continuam a encher a casa? Quantos deles podem ser necessários a outras pessoas? Pedro Saraiva, o mentor deste projecto social, lembra que tudo começou um dia, em 2009, do lado de quem precisava: neste caso, "a placa gráfica do computador do meu pai pifou". Depois de muito procurar, encontrou um amigo de um amigo que lha deu porque tinha lá por casa "um computador avariado numa gaveta", mas a peça de que ele precisava estava boa. E a ideia nasceu: e se criasse uma plataforma online para unir quem já não quer uma coisa a quem precisa dela?
O conceito entusiasmou um primo, Filipe Saraiva, que é produtor de audiovisuais e agora acompanha a parte de software do site, e a ideia foi colhendo entusiastas. "Ao fim de um ano éramos 20", relembra Pedro, de 34 anos, consultor de desenvolvimento de negócios radicado em Espanha.
Um eBay das doações
"Muito do que nós guardamos em casa sem utilidade para nós, depois não sabemos a quem dar." Tomemos o caso de Pedro, que sempre foi dado a ir experimentando desportos que depois abandonava. Resultado? Acumulou por casa restos destas suas experiências e é no portal que ajudou a criar que lhes vai dar utilidade. Está a pensar na sua raquete de ténis, mas também na de squash, e vai dar os seus livros, "todos os que já li". Chama-lhe "um eBay das doações".
Este site que não é uma empresa - não é um negócio - demorou vários anos a criar e seguiu-se à análise de 300 sistemas que faziam coisas parecidas. "Não inventámos a roda, limitámo-nos a melhorá-la." O projecto teve o apoio da Fundação Gulbenkian e do Instituto de Empreendedorismo Social, entre outras organizações. Pedro tem agora no edição online dou.pt , ao lado de mais três dezenas de voluntários que doam pelo menos três horas por semana ao projecto, um exigente hobby.
Antes de arrancar, nos inquéritos que foram fazendo, perceberam que as categorias com mais bens disponíveis para doação são os livros, roupa (sobretudo para crianças), brinquedos e pequenos electrodomésticos. O portal "está pensado para levar 30 segundos a pôr um bem online" e, para aqueles que não encontrarem dono, o site fornecerá o local adequado para onde deverão ser enviados para reciclagem.
"O edição online dou.pt quer mudar a sociedade do consumo excessivo. Os nossos avós partilhavam mais do que nós, viviam numa sociedade mais simpática. O objectivo é começar a partilhar."
Os números do portal
30 segundos é o tempo aproximado que cada utilizador levará a colocar um bem no portal edição online dou.pt .
22 milhões de euros é a estimativa de poupança a três anos pela não- aquisição de bens potenciada pelo aparecimento do portal.500 mil utilizadores deverão estar inscritos no portal ao fim dos primeiros três anos de funcionamento.
700 mil toneladas de produtos que vão para o lixo todos os anos e que podem ser reutilizados (15% do lixo urbano).
* UMA IDEIA BRILHANTEMENTE SOLIDÁRIA!
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