26/09/2011





HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"


Bancos têm três mil milhões de euros 
de casas para vender
Desde o início da crise, em Dezembro de 2007, 
o volume de casas entregues aos maiores bancos 
por falta de pagamento disparou 350%.

Os seis maiores bancos nacionais tinham, no final de Junho, mais de três mil milhões de euros em imóveis entregues por falta de pagamento. Um valor que representa uma subida de 10% no semestre face ao final de 2010, de acordo com os relatórios semestrais das instituições. Face a Dezembro de 2007, ainda nos primórdios da crise do ‘subprime', o valor desta carteira mais do que quadruplicou, disparando 350%- um valor que exclui o BCP, dado que a instituição não disponibilizava em 2007 estes dados. "É muito dinheiro, mas também temos de ver que o total da carteira de crédito à habitação ultrapassa os 114 mil milhões de euros. Ainda assim é um montante bastante elevado até porque os bancos não existem para vender casas", comenta um analista de mercado contactado pelo Diário Económico.

O forte crescimento do valor dos imóveis penhorados pelos bancos não surpreende o presidente da direcção nacional da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima. "Não é surpresa para nós. Este crescimento deve-se sobretudo à entrega de imóveis ao banco pelos promotores/construtores e não de particulares. Observamos isso precisamente no primeiro semestre deste ano. Tudo isto deve-se à situação económica do País em que muitos promotores não conseguem nem vender, nem financiar-se e por isso são cada vez mais obrigados a entregar os imóveis aos bancos".

Neste caso, a entrega dos imóveis chegaria principalmente via promoção imobiliária e não através do crédito à habitação. Uma realidade que os números não desmentem: o crédito malparado na habitação tem-se mantido relativamente estável, em torno dos 1,7%. Desde Dezembro de 2007 aumentou 51 pontos base, de 1,26% para 1,77%, ou 759 milhões de euros. Ainda assim, encontra-se actualmente a apenas uma centésima de igualar o valor mais alto de sempre, com o valor nominal a ultrapassar pela primeira vez os dois mil milhões de euros. Isso mesmo salienta a mesma fonte do mercado: "A esses três mil milhões ainda temos de somar parte dos dois mil milhões de euros que estão como malparado". E acrescenta: "O mais preocupante não é o número em si, mas sim o facto dos bancos incorrerem em perdas quando vendem estes imóveis. E dado o ‘stock' que têm, os bancos vão ter de vender mais, o que vai pressionar o preço e aumentar as imparidades". Sobre o valor actual da carteira os bancos já estimam perdas de 585 milhões de euros.


* Primeiro venderam dinheiro a fingir que era dado, agora têm a criança nos braços que não descarta a fralda.

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