25/06/2020

MARIANA MORTÁGUA

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A Efacec está em asfixia.
 Vai o Governo intervir?

A empresa precisa de um empréstimo urgente de 50 milhões de euros, que os seus principais bancos financiadores - a CGD, BCP e Novo Banco - se recusam a conceder sem uma garantia que o Estado, ao que parece, também não está disposto a dar.

Se nada for feito, a Efacec corre um grave risco de asfixia financeira e de incumprimento perante os seus 2500 trabalhadores. A empresa precisa de um empréstimo urgente de 50 milhões de euros, que os seus principais bancos financiadores - a CGD, BCP e Novo Banco - se recusam a conceder sem uma garantia que o Estado, ao que parece, também não está disposto a dar.

Mas o bloqueio da Banca à Efacec não fica por aqui e pode ter consequências desastrosas. A vida da mais antiga empresa tecnológica do país complicou-se a partir do momento em que Isabel dos Santos, figura associada ao branqueamento de capitais angolanos, tomou uma participação maioritária, comprada com dívida, através de um veículo chamado Winterfell. Quando essa participação foi arrestada, na sequência do caso Luanda Leaks, Isabel dos Santos assinou um memorando que passava para os principais bancos financiadores da Winterfell (BIC, BPI, Montepio) e para os bancos financiadores da Efacec (CGD, BCP e Novo Banco) as suas ações, dando-lhes poder para as venderem e utilizaram a receita para abater as dívidas.

O processo de venda chegou a ser lançado mas os bancos nunca se entenderam sobre ele. As ações de Isabel dos Santos não chegaram a ser transferidas e o memorando caducou sem que a CGD, que lidera o processo, o tenha renovado.

Sem venda e com o financiamento cortado há mais de seis meses, a Efacec debate-se agora com graves debilidades de tesouraria, que procura suprir através de um pedido de 50 milhões, o tal que os bancos recusam sem a obtenção de uma garantia do Estado (depois de anos de créditos ruinosos para jogos de bolsa, a banca parece agora só aceitar cumprir o seu papel de financiamento à economia com o conforto do dinheiro dos contribuintes).

Do Governo, até hoje, só saíram declarações de intenção sem qualquer ação concreta que proteja a empresa. O risco, se o bloqueio se mantiver, é a perda de valor da Efacec, potencialmente com vista à sua venda ao desbarato a um dos atuais acionistas minoritários - Grupo Mello e Têxtil Manuel Gonçalves - ou a outro que apareça para a comprar à peça.

Portugal já assistiu várias vezes a este filme, em que empresas estratégicas, como a Cimpor ou a PT, são estraçalhadas entre guerras de acionistas e bancos predatórios. Se desta vez lhe queremos mudar o fim, só há uma coisa a fazer para proteger a economia, a empresa e os trabalhadores: nacionalizar a Efacec e dar-lhe condições para continuar a ser uma referência do setor tecnológico nacional.

* Deputada do BE

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
23/06/20

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