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* Deputada do BE
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
23/06/20
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A Efacec está em asfixia.
Vai o Governo intervir?
A empresa precisa de um empréstimo urgente de 50 milhões de euros, que os seus principais bancos financiadores - a CGD, BCP e Novo Banco - se recusam a conceder sem uma garantia que o Estado, ao que parece, também não está disposto a dar.
Se nada for feito, a Efacec corre um grave risco de asfixia financeira e
de incumprimento perante os seus 2500 trabalhadores. A empresa precisa
de um empréstimo urgente de 50 milhões de euros, que os seus principais
bancos financiadores - a CGD, BCP e Novo Banco - se recusam a conceder
sem uma garantia que o Estado, ao que parece, também não está disposto a
dar.
Mas o bloqueio da Banca à Efacec não fica por aqui e pode ter
consequências desastrosas. A vida da mais antiga empresa tecnológica do
país complicou-se a partir do momento em que Isabel dos Santos, figura
associada ao branqueamento de capitais angolanos, tomou uma participação
maioritária, comprada com dívida, através de um veículo chamado
Winterfell. Quando essa participação foi arrestada, na sequência do caso
Luanda Leaks, Isabel dos Santos assinou um memorando que passava para
os principais bancos financiadores da Winterfell (BIC, BPI, Montepio) e
para os bancos financiadores da Efacec (CGD, BCP e Novo Banco) as suas
ações, dando-lhes poder para as venderem e utilizaram a receita para
abater as dívidas.
O processo de venda chegou a ser lançado mas os bancos nunca se
entenderam sobre ele. As ações de Isabel dos Santos não chegaram a ser
transferidas e o memorando caducou sem que a CGD, que lidera o processo,
o tenha renovado.
Sem venda e com o financiamento cortado há mais de seis meses, a Efacec
debate-se agora com graves debilidades de tesouraria, que procura suprir
através de um pedido de 50 milhões, o tal que os bancos recusam sem a
obtenção de uma garantia do Estado (depois de anos de créditos ruinosos
para jogos de bolsa, a banca parece agora só aceitar cumprir o seu papel
de financiamento à economia com o conforto do dinheiro dos
contribuintes).
Do Governo, até hoje, só saíram declarações de intenção sem qualquer
ação concreta que proteja a empresa. O risco, se o bloqueio se mantiver,
é a perda de valor da Efacec, potencialmente com vista à sua venda ao
desbarato a um dos atuais acionistas minoritários - Grupo Mello e Têxtil
Manuel Gonçalves - ou a outro que apareça para a comprar à peça.
Portugal já assistiu várias vezes a este filme, em que empresas
estratégicas, como a Cimpor ou a PT, são estraçalhadas entre guerras de
acionistas e bancos predatórios. Se desta vez lhe queremos mudar o fim,
só há uma coisa a fazer para proteger a economia, a empresa e os
trabalhadores: nacionalizar a Efacec e dar-lhe condições para continuar a
ser uma referência do setor tecnológico nacional.
* Deputada do BE
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
23/06/20
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