HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
Costa já indicou Centeno para governador.
.BCE atrasa novo regime de nomeações
.para Banco de Portugal
.BCE atrasa novo regime de nomeações
.para Banco de Portugal
Anúncio e contacto com os partidos está feito, por telefone, e Governo quer que Mário Centeno seja ouvido no Parlamento antes das férias parlamentares. BCE atrasa votação de novo regime de nomeações.
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares falou esta
quinta-feira com os partidos para oficializar que a escolha do Governo
para o Banco de Portugal é Mário Centeno, apurou o Observador junto de
fonte do Governo. E entretanto também já enviou ao Parlamento uma carta
“onde manifesta a intenção do Governo, na sequência de proposta do
senhor ministro de Estado e das Finanças, em designar o Prof. Doutor
Mário José Gomes de Freitas Centeno para o cargo de Governador do Banco
de Portugal”, segundo o gabinete do primeiro-ministro.
.
As conversas com os partidos foram feitas telefonicamente e em alguns
casos foi o próprio primeiro-ministro que falou com os líderes
partidários e só depois foi enviada a carta ao Parlamento. Ainda em
maio, António Costa tinha prometido, a propósito da nomeação do sucessor
de Carlos Costa: “Quando chegar à altura própria para proceder à
substituição do atual governador eu, ao contrário do que foi feito pelo
meu antecessor, procederei à audição e à consulta de todos os partidos
representados nesta Assembleia da República”. As conversas existiram,
mas muito sucintamente e por telefone.
Ao Parlamento, Costa requereu ainda que proceda à audição do
ex-ministro, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, como ditam
as regras da nomeação do governador do Banco de Portugal. António Costa
revelou, no final do Conselho de Ministros, que o processo seria
formalizado ainda esta semana.
O primeiro-ministro já tinha posto o processo de substituição em
marcha com uma conversa esta segunda-feira com o governador no final de
mandato, Carlos Costa, a quem terá comunicado o nome que lhe ia suceder —
o do ex-ministro das Finanças — e os timings previstos para o processo
substituição que envolve a auscultação do Parlamento antes da nomeação
em Conselho de Ministros, por proposta do actual ministro, João Leão.
O
processo acelerou esta quinta-feira de forma evidente depois de o PSD,
pela voz de Morais Sarmento, ter indicado que não iria viabilizar uma
lei ad hominem” que sirva para travar exclusivamente esta nomeação no
Parlamento. Ou seja não irá aprovar na actual configuração o regime
proposto pelo PAN que se fosse aprovado travaria a nomeação de Mário
Centeno.
Marcelo: “O ministro das Finanças, a partir de 1998, passou a ter menos poderes sobre o Banco de Portugal”
Durante a tarde desta quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a crítica que o social-democrata Morais Sarmento lhe dirigiu a propósito da nomeação do próximo governador do Banco de Portugal era uma“distracção lateral”.
“Eu ouvi as intervenções do PSD, que é o partido liderante da oposição, e
verifico que o PSD decidiu abrir caminho à nomeação do professor Mário
Centeno para o Banco de Portugal, na medida em que adotou uma posição
sobre a lei que vai ser votada no parlamento que abre esse caminho. Esse
é o facto politicamente importante. Depois, há o facto lateral, digamos
assim, uma espécie de distração lateral”, afirmou o Presidente da
República à margem de uma visita ao Bairro de São Roque da Lameira.
O chefe de Estado salientou que “qualquer jurista com curso de
direito” perceberia que o conflito de interesses existente entre Governo
e Banco de Portugal diminui com a alteração, em 1998, do regime do
Banco de Portugal, que permitiu aumentar a sua independência em relação
ao poder governativo.
“O ministro das Finanças, a partir de 1998,
passou a ter menos poderes sobre o Banco de Portugal do que tinha,
portanto passou a haver menos conflito de interesses entre o ministro
das finanças e o Banco de Portugal”, sustentou.
O chefe de estado referiu ainda que, não tendo o Presidente da República
poder de nomeação, aguardará o desenvolvimento da legislação que ainda
está pendente na Assembleia da República e indicação do governo, a quem
cabe, designar o novo governador do Banco de Portugal.
“Falou-se várias vezes na hipótese de o Presidente da República começar a
nomear e discutiu-se se isso seria constitucional ou não, porque não
vem nos poderes escritos na Constituição. Por essa razão, a questão
morreu, tendo morrido, naturalmente compete ao governo a condução do
processo e na altura devida o presidente da República espera ter
conhecimento da posição do governo sobre a matéria”, disse.
O desejo do Executivo é que Mário Centeno possa ser ouvido nesta
sessão legislativas, ou seja, até ao final do mês de julho, mas é
provável que a audição aconteça antes porque o mandato do atual
governador termina a 7 de julho. A audição é feita pela Comissão de
Orçamento e Finanças (COF) e resultará num parecer sobre o nome
escolhido pelo Governo.
Esta audição é obrigatória, mas o sentido
do parecer não é vinculativo no atual regime legal de nomeação. Os
deputados estão a discutir na especialidade uma proposta do PAN que
altera esse regime, impondo um período de cinco anos de impedimento a um
ex-ministro ou governante da área das Finanças quando se trata de
nomeações para entidades reguladoras. Outra alteração proposta por
outros partidos, e que poderá passar porque não é feita em função de
nenhum potencial candidato, é tornar o parecer do parlamento vinculativo
e dar também mais poder do Presidente da República nesta nomeação.
BCE pede mais tempo para dar parecer e atrasa votação do novo regime de nomeações para Banco de Portugal
O novo regime deveria ser votado ainda a tempo poder produzir efeitos
para esta nomeação, no entanto, isso já não deve acontecer. Segundo
revelou ao Observador, o presidente da Comissão de Orçamento e Finanças,
o Banco Central Europeu, entidade que deve ser ouvida sobre alterações
na lei orgânica do Banco de Portugal, não vai dar o seu parecer no prazo
urgente apontado pelos deputados. Filipe Neto Brandão adianta que o BCE
pediu um prolongamento de mais quatro semanas, face ao prazo urgente de
uma semana votado pelos deputados da comissão.
Para o deputado
socialista que preside à COF, este parecer é um passo obrigatório num
processo legislativo que envolva mudanças na lei orgânica do Banco de
Portugal, o que não é a visão de todos os grupos parlamentares.
Com
este compasso de espera que pode durar quase até ao final de julho,
todo o calendário de votação aprovado terá de ser prorrogado, já que é
preciso tempo para a apresentação de propostas de alteração e a sua
discussão. Ou seja, o polémico novo regime de nomeações que na versão
aprovada na generalidade permitira travar a ida de Centeno para o Banco
de Portugal, deverá ficar adiada para a próxima sessão legislativa.
* A cenaça estava montada e com grandes actores, PR, PM, Governador do BdP e o visado Centeno, foi só contracenar a rábula com sucesso e está tudo "comme il faut". O novo governador também, tal como o actual, não vai ser independente quando na casa existe uma pessoa de idoneidade irrepreensível capaz de desempenhar o cargo, Luís Máximo dos Santos.
Sem comentários:
Enviar um comentário