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HOJE NO
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“Este presidente da Câmara de Lisboa
é um zero à esquerda”
O presidente do ACP, Carlos Barbosa, critica as
soluções de mobilidade para Lisboa e considera o autarca e o vereador
desta pasta “incompetentes”.
Como está o setor automóvel depois de ter estado praticamente parado durante dois meses?
Com o país parado, os stands de automóveis estiveram
fechados e o mesmo aconteceu com as oficinas. O mercado automóvel teve
uma quebra brutal no que diz respeito a vendas porque as pessoas, quando
compram um automóvel, gostam de ver o carro, gostam de se sentar, de
ouvir o conselho do vendedor, e isso não era possível, o que fez com que
se assistisse a uma baixa brutal de vendas às pessoas singulares. Por
outro lado, as frotas dos rent-a--car também não foram
renovadas devido à pandemia porque não sabiam o que ia acontecer. Não
tendo turistas nem tendo pessoas que alugassem os carros, não iam estar a
investir em novas frotas sem saber o que iria acontecer. Penso que
agora, com a retoma lenta da economia, o mercado automóvel também vai
retomar. As pessoas que queriam trocar de automóvel vão começar a pensar
nisso, a ir aos stands, talvez menos do que antes da pandemia,
porque muitas pessoas sentiram uma retração económica durante este
período e quem está em layoff passou a ter ordenados mais pequenos. Mas penso que o mercado vai retomar lentamente.
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E AS TROTINETAS? |
Mas não para os níveis que estávamos a assistir?
Não. Isso, para já, não. Até porque há aqui uma coisa que o Estado
devia fazer para relançar o setor automóvel que era durante um ano ou
dois – como outros países já fizeram, como o caso da Alemanha, na última
grande crise de 2008 – retirar grande parte dos impostos para haver
novo investimento. O Estado acaba por recuperar esse dinheiro quer no
IVA, quer no IVA das portagens, no IVA da gasolina, do gasóleo, ou seja,
numa série de impostos indiretos ligados ao setor automóvel. Quanto
mais carros houver a circular, mais dinheiro do IVA entra nos bolsos do
Estado.
Acha que, para os portugueses, a prioridade agora é trocar de carro?
Prioridade não será, se bem que acho que vai haver uma tendência
muito grande das pessoas para voltarem a andar em carro próprio, porque
têm medo de andar de transportes públicos. Vi uma reportagem sobre
funcionárias que saem às 6h da manhã de casa, vão enlatadas nos
transportes públicos para irem trabalhar nos hospitais e dizem que têm
mais medo de andar nos transportes públicos do que estarem nos
corredores dos hospitais onde estão os infetados. Acho que as pessoas
vão voltar, inconscientemente, a andar no veículo que tinham, que tinha
sido deixado de lado, para evitarem andar nos transportes públicos.
Penso que agora vai haver uma retoma do carro individual porque as
pessoas têm medo do contágio. Depois, progressivamente, não só esse
carro vai ser trocado como, eventualmente, mais tarde voltarão aos
transportes públicos, depois de passar esta pandemia. Mas ninguém sabe o
que vai acontecer, se vai haver segunda volta do vírus, se não. Hoje em
dia vivemos num clima de incerteza, vivemos quase no dia-a-dia. Mas
evidentemente que as pessoas que precisam de trocar de carro já fizeram
as contas para o poderem fazer. Mas como diz, e muito bem, muitos que
pensavam isso antes da pandemia podem ter passado a ter outras despesas,
desde computadores para os filhos, para a telescola, mais uma série de
coisas, deixando de ter oportunidade de poder pagar a prestação de um
automóvel.
Mas tal como acontece com a abertura dos restaurantes, em que
muitas pessoas admitem que têm medo de entrar, não acha que pode também
existir esse receio nos stands?
Vai ver os restaurantes cheios, ouça o que eu lhe digo. Porquê?
Porque muitas pessoas que voltam ao trabalho não têm capacidade de poder
levar a refeição para o escritório, ou porque a mulher não tem tempo de
fazer, ou porque a mulher também chega tarde, ou porque têm de deixar
os miúdos no colégio de manhã... sei lá, tanta coisa. E as pessoas vão
ter de comer à hora do almoço. Por isso, obviamente, os restaurantes vão
estar cheios e os take-aways também. Pode haver um pouco de
receio ao princípio, mas ou com divisórias ou máscaras vai ver que,
daqui a um ou dois meses, os restaurantes vão estar outra vez cheios. E
nos stands vai ser igual. Hoje em dia entra-se num stand
e é um espaço amplo. Para ter cinco, seis, sete viaturas em exposição é
preciso ter um espaço amplo, as pessoas não precisam de estar todas em
cima umas das outras. Além disso, os stands nunca têm muita
gente, pode perfeitamente fazer-se a tal distância obrigatória. E mesmo
que não pudessem, estou convencido de que os stands arranjariam maneira de isso acontecer.
* Ciclomedina, é pró menino e prá menina.
** Se desejar ler a totalidade da entrevista terá de comprar o formato de papel ou a assinatura digital.
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