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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
20/04/20
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Jornalistas, vírus,
crise, lay-off e leitor
Chegou a pandemia e logo a seguir a crise económica. Nem uma nem
outra parecem poupar ninguém. E assim como os jornalistas se tentaram
proteger do vírus através do teletrabalho e de medidas de proteção
quando na rua, também agora os seus jornais, a comunicação social em
geral, se veem afetados por medidas como o lay-off, de repente quase léxico de uso comum.
Como é público, o lay-off
foi aplicado ao Global Media Group, do qual faz parte o Diário de
Notícias, e constitui um desafio tremendo para um jornal apesar de tudo
habituado a sofrer com o país, ou não fosse testemunha do que nele
acontece há mais de século e meio - sejam mudanças de regime, grandes
feitos desportivos, crises económicas, epidemias e entre elas até a
famosa Gripe Espanhola.
Como diretor interino assumo o compromisso
que vem desde o primeiro editorial do nosso fundador, Eduardo Coelho,
escrito a 29 de dezembro de 1864: um jornal ao serviço do leitor. É um
compromisso que não é individual, mas sim de toda uma redação, basta ver
o seu historial.
Os jornalistas do Diário de Notícias estão a partir desta terça-feira em lay-off
parcial, partilhando das incertezas que muitos outros portugueses
sentem nestes tempos complicados. Mas não deixam de ser 100%
profissionais, empenhados em fazer o melhor trabalho possível, e sempre
digno. Sabem bem que àqueles que abraçaram esta profissão se exige uma
dedicação muito especial, o manter a sociedade informada, o que ganha
especial relevo quando tanta informação sem rosto e sem controlo
prolifera nas redes sociais.
Este abril é, pois, especialmente duro para nós. Depois de um março duro também, mas que viu a audiência online
do jornal atingir os 3,2 milhões de leitores, um recorde absoluto, com o
maior crescimento entre os jornais generalistas (59%), e as vendas da
edição impressa aos sábados a manterem-se estáveis apesar do
confinamento e do fecho de muitos quiosques. É inegável que esta marca,
com tanto passado, tem futuro. Basta que nos assinem ou que nos comprem
nas bancas.
E esse futuro, da nossa parte, é construído a todo o
momento: quando entrevistamos António Damásio e Herman José sobre o
impacto do vírus, quando mostramos como os nossos nadadores treinam sem
piscina, quando acompanhamos o apoio aos idosos em Pombal, quando
contamos a história de um jovem preso recém-libertado, quando vamos ao
Hospital de Santa Maria ver como se adaptou à Covid-19, quando passamos a
noite com a equipa que recolhe o lixo em Lisboa, quando visitamos o
centro de comando das operações militares ou quando, do outro lado do
Atlântico, testemunhamos como se sobrevive à pandemia numa favela em
Ribeirão Preto.
Tudo isto para si, caro leitor.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
20/04/20
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