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Festa na rua regada a álcool
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ONTEM NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Churrascos, festas na rua, polícias agredidos.
Casos de desobediência
Casos de desobediência
Há quem não respeite o confinamento e continue a tentar fazer uma vida normal. PSP e GNR já detiveram 141 pessoas por crimes de desobediência às medidas contra o covid-19. A maioria não vai a tribunal.
Um churrasco interrompido e um GNR levou com uma garrafa na cabeça. Numa
espécie de jogo do gato e do rato, um grupo de 30 jovens em festa foi
perseguido pela PSP. Um homem infetado saía todos os dias de casa para
ir às compras e ao café. Num parque de estacionamento, um polícia que
abordou um casal foi cuspido pela mulher que disse estar com covid-19.
Desde que foi decretado o estado de emergência, dia 22 de março,
renovado a 3 de abril, já foram detidas em todo o país 141 pessoas pelo
crime de desobediência - ou seja, por não cumprirem as regras de
"circulação" e "confinamento". A maior parte não chega a ir logo a
tribunal, mas é levada à esquadra, constituída arguida e fica a aguardar
a notificação judicial.
Ainda assim, quer na GNR quer na
PSP, estes números são considerados uma exceção à regra e essa é que "a
esmagadora maioria" dos cidadãos está a cumprir e aceita pacificamente
as orientações das forças de segurança.
"De uma forma
geral, as pessoas acatam bem as limitações impostas, embora, com tantas
exceções que existem, na maior parte das vezes seja complicado para os
polícias aferir da veracidade da justificação. Só quando nos apercebemos
mesmo de mentiras gritante, ou há hostilidade é que se executa a
detenção", explica ao DN um oficial que está envolvido na coordenação
das operações.
As autoridades não têm, nesta fase, dados
estatísticos trabalhados que permitam uma caracterização mais fina
destes 141 detidos, ou da sua localização geográfica, ou sequer do
número exato dos que foram presentes ao juiz, julgados e condenados
(pena de prisão de um a dois anos ou multa de 120 a 240 dias, sendo o
valor fixado pelo tribunal e pode ir de um a 500 euros por dia).
Os estabelecimentos comerciais estão também na mira das autoridades, que já encerraram 1985 em todo o país. Também não foram disponibilizadas informações mais detalhadas sobre as suas características ou localização.
A
maior parte, confirmaram ao DN agentes da PSP e militares da GNR que
têm estado no terreno, são pequenos cafés e tabernas, pequenos
estabelecimentos em localidades mais do interior do país, e nos centros
urbanos, em bairros sociais ou nas chamadas zonas urbanas sensíveis.
Assinalou uma destas fontes, que nestes locais "as pessoas estão muito
habituadas a passar muito tempo na rua, a conviver nos cafés, e é muito
difícil mantê-las em casa, a maior parte das vezes sem condições, até".
No entanto, não tem havido mais detenções nestes bairros do que noutras
zonas da cidade.
Festa na rua regada a álcool
Neste domingo a PSP deteve no Cacém dois homens e uma mulher com idades
entre os 20 e os 26 anos por crime de desobediência às medidas impostas
pelo surto de covid-19. "Pelas 19.00, os polícias depararam-se
com uma festa na via pública, com cerca de 30 jovens em ajuntamento, em
situação de desobediência ao dever geral de recolhimento domiciliário e a
consumir bebidas alcoólicas, tendo sido possível identificar e
notificar cinco deles para que se deslocassem para o seu domicílio", explicou a PSP.
Horas mais tarde, descreve a PSP em comunicado, "os mesmos polícias
foram novamente acionados para uma ocorrência, da mesma índole e com o
mesmo grupo de jovens, mas noutra localização". Quando viram a polícia a
aproximar-se o grupo bateu em retirada e dispersou, mas ainda conseguiu
apanhar um dos mesmos, "que já tinha sido notificado na festa das
19.00, pelo que foi detido por desobediência ao abrigo do previsto no
estado de emergência".
Mas a noite não terminara ali. Mais
tarde, a polícia viria a deparar-se com outra festa na rua, na qual foi
possível deter outro dos suspeitos que tinham participados nos
ajuntamentos anteriores. Desta vez foi uma mulher, também pelo
"crime de desobediência, uma vez que a mesma, além de ter sido
notificada na primeira festa às 19.00 do dia anterior, também se
encontrava na segunda ocorrência referente ao apedrejamento dos
polícias", descreve a PSP.
Os polícias verificaram que se tratava
do mesmo grupo de jovens das duas situações anteriores, mas desta vez,
além de se colocarem em fuga, ainda arremessaram pedras da calçada
contra os polícias, sendo possível intercetar e deter outro suspeito por
tentativa de agressão aos polícias", concluiu a nota policial.
Infectado ia às compras e ao café
A história foi contada pelo JN desta segunda-feira. Um homem de 43 anos
residente em Aver-o-Mar, na Póvoa de Varzim, operário da construção
civil imigrado em França, está infetado com covid-19 e saía de casa para
ir às compras. Estava em casa com a mãe, de 70 anos. Fez o teste no
Hospital de São João, no Porto, e como tinha sintomatologia ligeira foi
mandado para casa em isolamento.
Os problemas começaram porque as autoridades de saúde nunca mais
conseguiram falar com o homem. A PSP foi enviada a sua casa, mas a mãe
dizia sempre "que tinha saído e não sabia para onde". A polícia falou
com a vizinhança e ficou a saber que ele passava os dias na rua, no
café, na padaria, em passeios pela freguesia. Ninguém sabia que estava
infetado.
A PSP fez uma espera junto à casa do homem.
Consciente da gravidade da situação, no passado domingo à hora do
almoço, a PSP montou um cerco junto à casa dele e acabou por o apanhar.
Alegou
aos agentes que não tinha sintomas e confirmou que, desde que fez o
teste, tem andado na rua, não cumpriu o isolamento nem utilizou
quaisquer equipamentos de proteção. Sem saber que o filho estava
infetado, a mãe, que vive com ele, nunca foi testada nem tomou quaisquer
medidas de proteção.
O indivíduo foi conduzido a casa, foi-lhe
passada uma contraordenação e avisado do dever de isolamento total a que
está sujeito, até que volte a ser submetido a novo teste, o que deverá
acontecer já nos próximos dias.
Churrascada interrompida
Este incidente, já contado pelo DN,
teve consequências graves - um militar da GNR ficou ferido ao levar com
uma garrafa na cabeça de um dos participantes no churrasco que esta
força de segurança foi interromper no Carvoeiro, concelho de Lagoa.
Segundo
o comando da GNR de Faro, o incidente aconteceu perto das 20.30, do
passado dia 28 de março. A GNR tinha sido alertada para uma festa
ruidosa que se estava a realizar e quando os militares chegaram
depararam comum grupo de pessoas à volta de um churrasco.
Quando se dirigiram ao grupo, um dos dois militares da patrulha foi
agredido com uma garrafa de cerveja. A patrulha foi reforçada e foram
detidos dois homens de 22 e 44 anos, pai e filho.
Os dois detidos
acabaram por ser libertados com termo de identidade e residência e
ficaram obrigados a comparecer no Tribunal de Silves, tendo o caso
baixado a inquérito no Tribunal de Portimão.
O militar sofreu ferimentos ligeiros e foi transportado de ambulância para o hospital.
Partilhou na sua página do Facebook fotografias com o rosto a sangrar e deixou o seu testemunho na primeira pessoa: "É este o agradecimento e respeito que os cidadãos têm para com a autoridade.
De salientar que foi uma situação com um grupo de indivíduos, que não
vale pena revelar a nacionalidade para não causar ódio, que mesmo
sabendo do estado de emergência e de todos os deveres e cuidados que
devemos ter para com a pandemia que o mundo está a viver, e que ninguém
imaginava passar, mesmo assim estariam a fazer uma festa em família como
se nada de anormal estivesse a acontecer."
"Levo aqui
quatro pontos e uma marca para a vida, felizmente não tenho mulher nem
filhos, mas e se tivesse, como seria chegar a casa e verem o pai ou o
marido nesta situação", escreveu o militar.
Cuspiu no militar e disse estar infetada
No passado domingo, a GNR foi chamada a um parque de estacionamento
de um supermercado em Budens, freguesia do concelho de Vila do Bispo,
por causa de um casal que ali estaria envolvido em agressões físicas.
Munidos
de luvas e máscaras, quando lá chegaram os militares depararam com uma
mulher ferida na cara, um homem estendido no chão e um outro homem de
pé, encostado a uma autocaravana. Segundo contaram fontes locais
da GNR, a mulher estava exaltada a gritar e os guardas pediram para que
se acalmasse e mantivesse uma distância de segurança de dois metros,
por causa do covid-19.
Mas esta, dirigindo-se em passos
apressados aos militares, entre ofensas, "gritava que estava infetada
com o coronavírus", segundo a GNR, cuspindo-lhes na cara e agredindo um
deles. Entretanto, o homem que estava no chão levantou-se e tentou
impedir a detenção da mulher.
Os polícias só conseguiram detê-la
quando chegaram mais guardas da GNR de Lagos e do posto territorial de
Vila do Bispo, entretanto mobilizados para o local. O homem foi também
detido. Tinham canábis na sua posse.
Quatro militares
estão em isolamento - três deles no próprio posto, em Vila do Bispo - e
deveriam ser sujeitos a testes para o covid-19. Os detidos foram
colocados em liberdade.
Em Portugal, segundo o balanço
feito nesta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345
mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12 442 casos de infeções
confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a
segunda-feira (+6%).
* Como há tanto imbecil num país tão pequeno?
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