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IN "i"
17/03/20
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Em apoio dos
que trabalham no
serviço nacional de saúde
É nas suas mãos que, antes do mais, depositamos a confiança na salvação dos nossos: da família, dos amigos, dos vizinhos, dos colegas de trabalho, enfim, dos nossos concidadãos.
A situação criada com o Covid-19 irá constituir um teste à capacidade que o país tem de se erguer para a defesa do bem comum.
A defesa do bem comum – na verdade, é ela que justifica a existência
de uma sociedade organizada politicamente na forma de um Estado –
envolve a organização permanente de mecanismos de solidariedade efetiva,
cuja necessidade muitos só recordam em situações como estas.
Tal solidariedade implica a disposição de todos, designadamente dos
que mais podem, para mobilizarem o que mais têm e podem dar, arcando, se
necessário, com os maiores contributos para minorar os males dos
outros, dos que menos podem e têm.
Os tempos que se avizinham exigirão de todos um espírito de
sacrifício enorme e, por isso, é necessário que, desta vez, não acabem
por ser os de sempre – os de baixo – a suportar o seu peso maior.
Não se manterá durante muito tempo um espírito de disciplina social e
de mobilização coletiva – absolutamente indispensável neste momento –
se se assistir a uma qualquer evidente e injusta repartição no peso dos
sacrifícios que uns e outros terão, afinal, de fazer.
Não será admissível que em torno da mobilização coletiva e do esforço
comum comecem, desde logo, a erguer-se mecanismos de erosão da já parca
capacidade que a maioria dos cidadãos têm de gozar uma vida digna.
Neste momento, todos nós devemos unir-nos para ajudar os que precisam
e isso significa sustentar com o braço mais forte – o Estado – aqueles
que, por mais débeis, de maior amparo precisam.
É nestes momentos que se percebe bem como nem tudo depende de uma
dinâmica puramente concorrencial ou apenas de uma alegada predisposição
da humanidade para o lucro.
É nestes momentos que compreendemos melhor a razão de ser dos
impostos que pagamos e da necessidade da sua justa repartição entre os
que mais e os que menos podem.
Não por acaso, em momentos destes, todos recorrem, antes do mais, às
autoridades públicas e delas reclamam o sentido imparcial e igualitário
que justifica a sua existência e ação: a defesa do bem comum ameaçado.
É nas suas mãos e nas dos que servem as funções do Estado que,
sobretudo, depositamos a confiança na salvação dos nossos: da família,
dos amigos, dos vizinhos, dos colegas de trabalho, enfim, dos nossos
concidadãos.
Nas atuais circunstâncias, o maior esforço na defesa do bem comum
recairá no pessoal médico, de enfermagem e em todo o tipo de pessoal
auxiliar, do mais qualificado ao mais simples, que todos os dias
trabalha – nem sempre nas melhores condições e da maneira mais
justamente compensada – para manter em funcionamento o Serviço Nacional
de Saúde.
A eles devemos, em primeira mão, um agradecimento, que só será
verdadeiro se se traduzir em compreensão e apoio – agora e depois,
quando a crise passar.
Neles e na sua ação corajosa e desinteressada, reconheceremos a
importância de um Estado humana e tecnicamente bem equipado e capaz, por
isso, de desempenhar, com justiça, imparcialidade e abnegação, as
funções que nenhuma outra entidade conseguirá assegurar e manter,
designadamente em situação de crise.
Por isso, para que assim seja, é imprescindível um funcionalismo
público de saúde – quadros superiores e não só – prestigiado, motivado,
corajoso e desinteressado, estimulado apenas pela defesa do bem comum.
Saibamos todos estimá-lo e compensá-lo, agora e depois, com o nosso reconhecimento e apoio.
IN "i"
17/03/20
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