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IN "SOL"
09/02/20
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Costa será primeiro-ministro
até aos 70 anos?
Costa gosta de dar recados para
dentro e para fora do partido, mas parece evidente que acredita que a
idade da reforma irá aumentar até aos 70 anos, num futuro não muito
distante...
Tenho 58 anos, seguramente trabalharei até aos 70. Tenho muitos anos
pela frente». A frase de António Costa ao Jornal de Notícias é bastante
elucidativa do que o primeiro-ministro pensa sobre o futuro. Com uma
oposição esfrangalhada e com Rui Rio a cometer os mesmos erros do
passado recente, Costa pode imaginar-se em S. Bento até aos 70 anos.
Curiosamente, a resposta do líder do PS é sobre uma pergunta a propósito
de eventuais sucessores. Costa gosta de dar recados para dentro e para
fora do partido, mas parece evidente que acredita que a idade da reforma
irá aumentar até aos 70 anos, num futuro não muito distante...
O que se passou com a aprovação do Orçamento do Estado foi
mais uma lição do primeiro-ministro de como se faz política. Com a
ameaça da descida do IVA da eletricidade, e o consequente
desaparecimento do excedente orçamental, Costa fez saber através dos
seus homens e mulheres de mão que podia jogar uma carta forte que em
última instância podia acabar na demissão.
Rui Rio, mais uma vez, caiu na jogada de Costa e andou ao sabor do
vento. Armou-se em gigante, defendendo a descida do IVA da luz para 6%,
mas para não ficar com fama de irresponsável aos olhos do seu
eleitorado, apresentou medidas para mitigar esse custo, e acabaria como
anão. Uma tontice, como acabaria por se ver. O PCP também mais uma vez
fez o favor a Costa de votar contra a proposta dos sociais-democratas e
todos ficaram de bem consigo, no final da peça de teatro.
Voltando à entrevista de Costa, ficou a saber-se que Ana
Gomes não será a candidatada do PS à Presidência da República nem que
Cristo desça à terra; que o PS deverá abster-se de apresentar um
candidato que afronte Marcelo; que o seu Governo tudo fará para aprovar a
regionalização de uma forma encapotada, através da descentralização; e
que Mário Centeno deverá mesmo ter feito o seu última orçamento.
O primeiro-ministro é um homem obcecado com o palco político e gosta
de afastar os seus adversários sem contemplações. Veja-se o que faz com
Carlos Silva, líder da UGT, que não foi recebido em S. Bento nos últimos
quatro anos, tendo afastado os socialistas sindicalistas das listas do
partido. Tudo porque Carlos Silva apoiou António José Seguro na corrida à
liderança do PS. Também Francisco Assis é outro personagem por quem
Costa tem um carinho muito especial, que o leva a querer vê-lo o mais
longe possível. Já Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro quer vê-lo bem
de perto para o controlar melhor. Pois é daí que vem o perigo da
sucessão!
Certo é que com esta oposição Costa bem pode sonhar em ser
primeiro-ministro durante mais dois mandatos, embora seja muito difícil
que tal aconteça, e depois candidatar-se à Presidência, saindo de cena
com os tais 70 anos.
Esta semana, além da novela do Orçamento, ficou marcada pelo parecer
pedido pela Procuradoria-Geral da República sobre a subserviência dos
magistrados do Ministério Público aos seus superiores. Uma medida que
anula a decisão tomada pela anterior procuradora-geral da República,
Joana Marques Vidal. O presidente do Sindicato dos Magistrados do
Ministério Público e os seus pares dizem, e bem, que esta medida coloca
em causa a transparência da Justiça. «É o regresso ao tempo do dr. Pinto
Monteiro e das decisões secretas e inexplicáveis», disse Ventinhas ao
Expresso. A partir de agora, em qualquer investigação, os superiores
hierárquicos podem dizer para se ouvir determinada figura e para
esquecer outras, por exemplo. É lamentável esta decisão, mas António
Ventinhas, presidente do sindicato, bem pode pôr a mão na consciência,
pois foi um dos que defendeu que Joana Marques Vidal só devia fazer um
mandato. Se o arrependimento matasse...
IN "SOL"
09/02/20
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