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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Portugal em risco de ficar fora do
Fundo de Transição Justa da UE
Este novo instrumento está a cargo da comissária Elisa Ferreira e, em Bruxelas, segundo apurou o Negócios, é real o receio de que países como Portugal não venham a beneficiar deste fundo. Há ainda o risco deste instrumento retirar dinheiro às políticas de coesão, em que Portugal poderá ter um corte de 10%.
O Fundo para uma Transição Justa poderá destinar-se exclusivamente a
apoiar as regiões europeias com maiores dificuldades em assegurar a
transição para a neutralidade carbónica, deixando de fora
Estados-membros como Portugal e beneficiando sobretudo os países de
leste.
O Negócios sabe que a
nova Comissão Europeia não tomou ainda uma decisão final, porém esta é
uma possibilidade que está em cima da mesa, assim como o risco de este
novo instrumento "ir buscar" dinheiro às políticas de coesão.
No próximo dia 11 de dezembro, a presidente da Comissão, Ursula von
der Leyen, vai apresentar o Green Deal (Pacto Ecológico Europeu), um
plano que visa atingir a neutralidade carbónica na União Europeia até
2050.
Dentro deste pacto está o chamado Fundo para uma
Transição Justa, a cargo da comissária para a Coesão e Reformas, a
portuguesa Elisa Ferreira, e que é de gestão partilhada, no caso com o
vice-presidente Frans Timmermans, que tutela o dossiê do Green Deal.
Este fundo tem como meta a 10 anos assegurar a neutralidade carbónica
nas regiões onde essa intenção for mais difícil de alcançar.
Será,
portanto, dupla a missão de Elisa Ferreira, que além de evitar que a
verba disponibilizada pelo programa de transição justa se dirija apenas a
países com regiões cujas economias persistem muito dependentes do
carvão, tentará prosseguir esforços para que este fundo não seja
financiado por dinheiro retirado aos fundos estruturais.
A Finlândia, que detém a presidência rotativa da UE, fez uma proposta para o próximo quadro financeiro plurianual (QFP, 2021-27) que, segundo contas do Governo avançadas em primeira mão pelo Negócios, representa um corte de 10% na coesão para Portugal.
Elisa
Ferreira tem vindo a defender que os novos desafios assumidos como
prioritários pela União e pela nova Comissão Europeia – combate às
alterações climáticas e promoção do emprego jovem – não devem ser
financiados à custa da coesão, e que é preciso "dinheiro novo" para os
alimentar.
Nesta altura parece certo que o essencial do
Green Deal seja financiado por verbas que poderiam ser alocadas à
coesão, porém o objetivo de Bruxelas passa por reforçar a
complementaridade. Por exemplo, a União só financiará projetos que, na
rubrica da coesão, cumpram os critérios climáticos definidos.
De
acordo com o Politico, existem 41 regiões em 12 Estados-membros com
economias intensivas em carvão (exploração e, ou, utilização desta
matéria-prima como fonte energética) que terão dificuldades, económicas e
sociais, para assegurar a transição para energias limpas. Estas regiões
situam-se maioritariamente no leste, sendo a Polónia apontada como o
país mais afetado.
É intenção de Bruxelas conciliar os dois novos instrumentos financeiros da UE - o Fundo
para uma Transição Justa e o Instrumento Financeiro para a Convergência
e Competitividade - com as necessidades de reforço da coesão no seio do
bloco europeu. Se Portugal for alvo de um eventual corte na ordem dos
10% nos fundos estruturais aliado ao não recebimento de apoios do fundo
de transição, dificilmente o instrumento promotor de convergência poderá
compensar tais perdas.
Fundo de Transição só em janeiro
Von
der Leyen apresenta dia 11 de dezembro, no Parlamento Europeu, o Pacto
Ecológico Europeu com o objetivo de tornar a Europa num continente com
impacto neutro no clima. Caberá depois a Timmermans encerrar o debate.
A
12 de dezembro começa o Conselho Europeu que certamente vai discutir o
Green Deal e o próximo orçamento de longo prazo da União. No entanto, o
Fundo para uma Transição Justa só deverá ser conhecido em janeiro,
apurou o Negócios.
"Por ano vão ser necessários 100 mil
milhões de euros, que virão do orçamento da UE e dos Estados-membros,
mas também do setor privado", afirmou esta semana a alemã Von der Leyen.
A nova presidente do órgão executivo comunitário também tem defendido ser preciso evitar os "profundos cortes"
no orçamento da UE que estão presentes na proposta da presidência
finlandesa e que são também pretendidos pelo grupo conhecido como os
"cinco frugais": Alemanha, Áustria, Holanda, Dinamarca e Suécia.
Ao
assumir funções como líder da Comissão, Ursula von der Leyen estipulou
uma meta de redução das emissões em pelo menos 50% em 10 anos, um
objetivo mais ambicioso do que a redução de 40% definida pelo executivo
liderado por Jean-Claude Juncker.
* A mama não pode durar sempre.
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