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IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
25/07/19
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Entender o Regulamento Geral
de Proteção de Dados como
fator de vantagem competitiva
As organizações que conseguirem antecipar os desafios da proteção de dados, estarão em condições de começar a gerir a mudança de forma mais rápida, deixando para trás aqueles que apenas se regem pela execução legal do regulamento.
O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) entrou em vigor há
precisamente um ano e veio introduzir um novo regime em matéria de
proteção de dados pessoais ao assegurar que os consumidores controlam a
forma como as empresas utilizam os seus dados pessoais.
Para muitas empresas, responder às mudanças impostas pelo novo
regulamento tem sido uma tarefa complexa. Apesar de o cumprimento do
RGPD estar a custar milhões de euros às grandes empresas, algumas olham
para estas mudanças além do cumprimento legal, procurando oportunidades
para a criação de modelos de negócios inovadores e lucrativos que até
então não eram possíveis.
Sem os monopólios de informação,
a propriedade dos dados pertence agora aos consumidores e são as
empresas que, através da confiança e outros benefícios, terão de se
esforçar para obter os seus dados. Dada a importância dos dados dos
consumidores para a criação de propostas de valor atrativas, as
alterações ao RGPD tornaram-se um campo de batalha entre as empresas.
O
caso da renovação das apólices de seguros é um bom exemplo. Durante
muitos anos, as seguradoras estabeleceram longos formulários de
avaliação e processos de comparação não otimizados para impedir a
mudança dos seus clientes para a concorrência no final do período da
apólice, gerando assim a maioria dos seus lucros. O RGPD em vigor
permite agora aos consumidores solicitar às seguradoras a cedência dos
dados a um concorrente.
Para aproveitar esta oportunidade,
as organizações um pouco por todos os setores de atividade devem
proceder de duas formas. Em primeiro lugar, devem ter a capacidade de
gerar confiança junto dos consumidores para gerir os seus dados e de
comunicar proativamente as suas medidas de segurança e privacidade, ao
mesmo tempo que explicam de que forma estão a ser utilizados os dados.
Esta linha de atuação deve funcionar como pré-requisito para qualquer
empresa obter dados de consumidores ou até mesmo conduzir um negócio que
os envolva.
Em segundo lugar, as organizações devem
utilizar os dados com o objetivo de criar propostas de valor atrativas.
Após a entrada em vigor do RGPD, os consumidores passaram a compreender
melhor o valor dos seus dados e esperam que a sua partilha gere retorno.
As propostas de valor podem passar pela experiência (um simples clique
em vez de um longo formulário), por serviços adicionais (consultoria
especializada) ou por produtos (taxas mais competitivas para produtos
financeiros). As empresas que conseguirem atrair os consumidores no
sentido de partilharem os seus dados, estarão melhor posicionadas para
gerar propostas de valor mais apelativas. A partir daí, cria-se uma
espiral positiva de captação de mais consumidores e de mais dados.
Estes
são os primeiros passos para tirar partido do RGPD enquanto fator de
vantagem competitiva. Podemos ir mais longe e utilizá-lo para criar
modelos de negócio inovadores e potencialmente disruptivos. E se um
retalhista de confiança ou um banco oferecesse aos consumidores um
serviço de partilha de dados, por exemplo? Com o consentimento dos
consumidores seria possível compilar os dados pessoais de múltiplas
fontes, tais como retalhistas, bancos, seguradoras, empresas de
telecomunicações, redes sociais e dispositivos móveis. Este sistema
poderia armazenar as informações em bases de dados com garantias de
segurança e privacidade, partilhar os dados com uma terceira entidade e
garantir que os dados seriam eliminados após a sua utilização.
Tal
serviço pouparia tempo ao consumidor no preenchimento de formulários,
permitindo-lhe obter melhores produtos e serviços, sem necessidade de
analisar individualmente cada uma das empresas ou estar preocupado com o
uso indevido dos dados.
As mudanças motivadas pelo RGPD
são graduais, uma vez que a relação em torno do consumidor demora tempo a
construir. As organizações que conseguirem antecipar os desafios da
proteção de dados, estarão em condições de começar a gerir a mudança de
forma mais rápida, deixando para trás aqueles que apenas se regem pela
execução legal do regulamento.
Partner da Oliver Wyman para a área de Pricing, Sales & Marketing
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
25/07/19
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