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* Membro do Nova Investment Club
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
13/03/19
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Bolsonomics?
A Bolsa Brasileira subiu 16,7% desde que Bolsonaro foi eleito.
Uma demonstração de confiança dos mercados na política económica do novo governo.
Bolsonaro foi eleito pelo desejo de mudança do povo Brasileiro.
Mudança a nível social, educacional e económico. A política económica
divide-se em três objetivos fundamentais: controlar a inflação, baixar o
desemprego e reduzir o défice orçamental. Para atingir qualquer um dos
três o crescimento económico é vital. O ciclo económico parece soprar a
favor de Bolsonaro. Prova-o o crescimento do PIB estimado para 2019,
2,5%, substancialmente acima dos 1,3% de 2018.
Para
o auxiliar na redução do défice, Bolsonaro escolheu Paulo Guedes como
ministro da economia. O liberal da escola de Chicago promete uma forte
política de privatização, tendo a pretensão de vender 50 das 150
empresas que compõem a esfera pública, destacando-se a gigante
Petrobras. O objetivo é claro e foi definido por Bolsonaro na sua
campanha: ter um saldo positivo primário até 2020. O défice orçamental
em 2018 está projetado em 7% e o saldo primário em -2%. A meta parece
ser, no mínimo, ambiciosa.
Além disto, a instabilidade política, o congresso e a burocracia no
Brasil são duros obstáculos às iniciativas governamentais, além da
constante corrupção. Realidades essas captadas no slogan de campanha
utilizado por Bolsonaro "Menos Brasília e mais Brasil". Considere-se
como exemplo do impacto destas barreiras o corte no crescimento do PIB
de 2018. Chegou a estar projetado para 2,6%, mas a incerteza das
eleições, a reforma dos transportes públicos e o atraso em aplicar
algumas reformas levou à revisão por baixo. Há sempre forças que colidem
com a ordem económica e, no Brasil, a burocracia é uma delas.
Infelizmente, negativa.
Paralelamente, outro obstáculo à
aplicação do plano económico poderá vir do interior do Palácio do
Planalto. Nem todos os elementos do governo partilham do radicalismo das
ideias económicas do ministro e a contestação a algumas das reformas já
começou. Para viabilizar, em parte, a segurança social o ministro Paulo
Guedes pretende aumentar a idade de reforma mínima para os 65 anos,
tanto para homens como para mulheres. Antes de chegar ao congresso a
proposta já está a ser altamente contestada publicamente por três
ministros. Inclusive, um dos três, considerou a proposta "um ensaio e
não um jogo final." As guerras internas serão um teste à autoridade de
Paulo Guedes no governo, podendo levar a um desvio face à sua matriz
económica.
Independentemente das políticas socias e da
discordância, ou não, em relação a algumas das crenças de Bolsonaro, a
realidade é que o plano económico do novo Presidente foi consensualmente
bem-recebido. A estrutura do Estado era, e é, demasiado pesada e
burocrática. A segurança social não é sustentável. Os níveis de dívida,
77% do PIB, são demasiado altos para uma economia emergente. A grande
questão não é se o Brasil precisa ou não da mudança, mas sim se
Bolsonaro e a sua equipa serão capazes de a levar a cabo, acertadamente.
Executar
o plano até aqui delineado é o próximo passo. E executá-lo
adequadamente será o maior dos desafios de Bolsonaro e do seu Governo. A
Bolsa Brasileira, reflexo dos investidores, parece acreditar que
Bolsonaro caminha na direção correta – fechou em máximos históricos.
Contudo, a onda de esperança associada às reformas prometidas pode
acabar por esbarrar na dura realidade brasileira. A realidade da
burocracia que torna Brasília maior do que o Brasil.
* Membro do Nova Investment Club
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
13/03/19
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