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Aumentos na Função Pública em 2020. Mas só “se o país mantiver a trajetória de crescimento”
“Eu, por mim, sigo em frente” com a atual solução parlamentar
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
António Costa:
“Maioria absoluta
é virtualmente impossível”
Em entrevista à SIC, António Costa admite reeditar o acordo à esquerda e diz que, se Marcelo se recandidatar a Belém, "é altamente improvável que não seja reeleito".
O primeiro-ministro traçou a linha vermelha. Em entrevista à SIC,
António Costa diz que não há mais negociação possível com os sindicatos
dos enfermeiros depois de o Governo ter aceitado rever a carreira destes
profissionais. “Fomos justos no que aceitámos, fomos ao limite daquilo
que podíamos aceitar”, disse o chefe do Governo, depois de deixar um
aviso: “Se for necessário”, o executivo vai recorrer a requisição civil
para travar os efeitos da greve às cirurgias. Chefe do Governo não vê
maiorias absolutas no horizonte e volta a abrir a porta a entendimentos
com o PCP, o Bloco de Esquerda e Os Verdes.
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Na entrevista à SIC,
Costa começou por ser confrontado com a tensão entre Governo e
enfermeiros, cuja greve às cirurgias já levou o primeiro-ministro a
falar numa paralisação “brutal”. O primeiro-ministro diz que o “ponto da
discórdia” em que os sindicatos têm insistido — a revisão do valor
salarial de início da carreira, dos atuais 1200 para os 1600 euros
mensais — está fora de questão. É “absolutamente insustentável”, diz
Costa.
O primeiro-ministro admite ainda avançar judicialmente contra a Ordem
dos Enfermeiros por estar convencido de que houve violação dos
estatutos das ordens profissionais. Em causa estará uma defesa da greve
por parte da bastonária e que já levou a uma suspensão das relações
institucionais entre o Governo e esta ordem profissional. “Iremos
comunicar as autoridades judiciárias os factos apurados e que são uma
manifesta violação das leis das ordens profissionais”, diz António
Costa.
Aumentos na Função Pública em 2020. Mas só “se o país mantiver a trajetória de crescimento”
Questionado sobre revisões salariais na Função Pública, Costa acena com
eventuais novidades, mas só depois das eleições. “Há carreiras que estão
bloqueadas há anos” e “há pessoas que viram as suas expetativas”,
reconhece. “Isso provoca uma revolta que eu percebo”.
Compromissos, porém, só depois de “o cenário macroeconómico para os
próximos quatro anos” estar definido. “A minha expectativa é a de que,
se o país mantiver a trajetória de crescimento, para o ano possamos
retomar a normalidade”. Para já, “a margem que há é esta e julgamos que
atuamos de forma justa valorizando os salários mais baixos”.
Na
entrevista à SIC, Costa volta ao episódio do último debate quinzenal,
quando reagiu com a sugestão de que Assunção Cristas estaria a ser
racista quando o questionou sobre se condenava ou não a violência contra
a PSP no bairro da Jamaica. “Há coisas que eu não admito: uma pessoa
que escreve um texto a dizer que eu sou uma pessoa sem caráter… eu não
admito isso no debate político”, diz Costa, sem referir o nome da líder
do CDS.
“Há limites para o que estou disposto a ouvir”, diz. “Não
consigo ter duas caras, não vou sorrir para uma pessoa que diz que diz
eu sou uma pessoa sem caráter”, defende o primeiro-ministro.
Concretamente sobre a questão de Cristas, Costa diz ter sido uma
“pergunta insultuosa” que “não fazia sentido” colocar a um
primeiro-ministro.
“Eu, por mim, sigo em frente” com a atual solução parlamentar
As eleições legislativas estão oito meses de distância. Pelo meio há
europeias e até regionais na Madeira — a que António Costa está
particularmente atento. Com o foco nesse fim da legislatura, o
primeiro-ministro admite que não consegue ser “original” e que, como
qualquer político, quer ganhar e “com o melhor resultado possível”. Como
admite que “é virtualmente impossível uma maioria absoluta”, volta a
abrir a porta a uma versão 2.0 da chamada “Gerigonça”.
“O objetivo
de qualquer político é ganhar as eleições, e ganhar com o melhor
resultado possível, aí não consigo ser original”, admite Costa. O chefe
de Governo volta a dizer que, na sua leitura, “uma boa solução política
deve ser prosseguida” e, naquilo que lhe diz respeito, o modelo é para
reeditar. “Eu, por mim, sigo em frente”, diz.
E trocas na pasta
das Finanças? Costa diz-se “muito satisfeito” com Mário Centeno e não
antevê, a esta distância, mudanças nesse campo. “O ministro não me deu
nenhum sinal de estar indisponível para estar no Governo”, garante.
Bem
mais tarde, só em 201 o país volta a eleger um Presidente da República.
Costa é lapidar: “Com o apoio popular que [Marcelo Rebelo de Sousa]
tem, se se recandidatar, é altamente improvável que não seja reeleito”.
Antes
das presidenciais, antes das legislativas e até antes das eleições
regionais haverá europeias. Provocado com uma declaração do próprio
António Costa que marcaria o início do fim do período segurista na
liderança do PS (depois de um resultado de 31,46%), o primeiro-ministro
garante que não encara nenhuma eleição como “um passeio no parque” E
estas não serão diferentes. A única fasquia que arrisca colocar para
maio é a de que conseguir um “resultado melhor” que o de aquele António
José Seguro alcançou em 2014.
* Como há tempos escrevemos António Costa é o 'menos pior' dos primeiros-ministros da III-República e é o mais estratega, que o digam Passos Coelho e Paulo Portas a quem deu uma banhada.
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