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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Empresas arriscam multas se pagarem salários diferentes a homens e mulheres
Atualmente os “salários médios das mulheres são inferiores em 14,9% aos dos homens”, o que corresponde a uma diferença de mais de 150 por mês e 2.100 euros por ano. Empresas vão ter que justificar desigualdades e podem ser multadas.
A nova lei que pretende promover a "igualdade remuneratória entre
mulheres e homens por trabalho igual ou de igual valor" entra em vigor
esta quinta-feira, sendo que, segundo o governo, as empresas passam a
ter que justificar quando há discriminação.
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Segundo
um comunicado do Governo, atualmente os "salários médios das mulheres
são inferiores em 14,9% aos dos homens", o que corresponde a uma
diferença de mais de 150 por mês e 2.100 euros por ano. "Isto significa
que a disparidade salarial em Portugal corresponde a uma perda de 544
dias de trabalho remunerado para as mulheres", conclui a nota emitida
pela ministra da Presidência e da Modernização Administrativa e do
ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Com
a entrada em vigor da nova lei, "passa a ser exigido às empresas que
tenham uma política remuneratória transparente, assente na avaliação das
componentes das funções e com base em critérios objetivos", refere a
nota.
Acrescenta que as "empresas passam a ter que
demonstrar, seja junto de trabalhadores/as, Autoridade para as Condições
do Trabalho (ACT) e da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no
Emprego (CITE) e dos tribunais, que os salários que praticam são fixados
de acordo com critérios objetivos, como sejam os que decorrem do
mérito, produtividade, assiduidade ou antiguidade, critérios que são,
por definição, comuns a homens e mulheres".
Além disso, "é
também consagrada a presunção de discriminação remuneratória nos casos
em que o/a trabalhador/a alegue estar a ser discriminado/a e a entidade
empregadora não apresente uma política remuneratória transparente, que
permita demonstrar que as diferenças alegadas se baseiam em critérios
objetivos".
As empresas que não respeitarem a lei vão ser
multadas. A ACT pode avançar com "contra-ordenações graves a muito
graves, se as empresas instadas a corrigir de forma voluntária não o
fizerem", avançou o Ministério do Trabalho ao Público.
Na
nota enviada à comunicação social não há qualquer referência a multas,
sendo que o Secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita é citado a
dizer que "esta lei não pretende onerar as empresas, não pretende impor
exigências legais adicionais nem cria mais encargos burocráticos ou
administrativos". Visa "tão só garantir que a igualdade entre homens e
mulheres se torna mais efetiva nos casos em que porventura ainda não o
seja".
Diferença salarial chega aos 26% nos quadros superiores
Os
dois ministérios assinalam que, apesar dos "sinais promissores no que
respeita às assimetrias salariais entre mulheres e homens", os dados
mostram que a desigualdade ainda é elevada.
Incluindo
"prémios, subsídios e pagamento de trabalho suplementar, a disparidade
salarial de género sobe para 18,3%, no equivalente a uma diferença de
225 euros por mês em desfavor das mulheres". E a "disparidade salarial
tende a aumentar à medida que aumenta o nível de qualificação
profissional, chegando aos 26,4% nos quadros superiores, numa diferença
de mais de 670 euros mensais".
A nova lei vai também
aumentar a divulgação de informação estatística sobre este tema, "quer
para a opinião pública, quer para trabalhadores/as quer para as próprias
empresas".
Segundo a nota do Governo, o Gabinete de
Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social passa a disponibilizar anualmente, e sem qualquer tipo
de encargo para as empresas, informação estatística sobre as diferenças
remuneratórias entre mulheres e homens a nível setorial (barómetros
setoriais das diferenças remuneratórias entre mulheres e homens) e por
empresa (balanços empresariais das diferenças remuneratórias).
Segundo
a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro,
"a lei da igualdade salarial vai mudar práticas organizacionais. Temos
que atuar e as leis são importantes porque induzem esta mudança de
práticas. Simultaneamente não podemos acreditar que a lei por si só vai
resolver o problema. Há aqui um jogo dinâmico entre mudanças de
infraestrutura e de superestrutura que são fundamentais".
Na
conferência de imprensa do Conselho de Ministros, a ministra da
Presidência, Mariana Vieira da Silva, assinalou que esta nova lei
representa um "importante passo para combater as desigualdades entre
mulheres e homens" e assim "passar da igualdade de direitos à igualdade
de facto".
* A notícia é necessariamente boa mas se regulamentação da lei não tiver um crivo bem apertado os inefáveis patrões darão a volta ao texto. O patronato português é o pior da Europa ocidental.
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