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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
PGR ameaça demitir-se caso haja mudanças no Conselho Superior
do Ministério Público
Lucília Gago afirmou que qualquer alteração à composição do Conselho Superior do Ministério Público seria uma "grave violação do princípio da autonomia". E põe em causa a sua continuação no cargo
A procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, afirmou esta
segunda-feira que qualquer alteração à composição do Conselho Superior
do Ministério Público (CSMP) seria uma "grave violação do princípio da
autonomia".
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Discursando em Coimbra, Lucília Gago aproveitou o
momento para "deixar claro que qualquer alteração relativa à composição
do Conselho Superior do Ministério Público que afete o seu atual desenho
legal - designadamente apontando para uma maioria de membros não
magistrados - tem associada grave violação do princípio da autonomia".
Lucília
Gago salientou ainda que qualquer mudança nesse sentido representaria
também uma "radical alteração dos pressupostos que determinaram" a
aceitação que fez do cargo de procuradora-geral da República.
A
PGR falava durante a tomada de posse da nova procuradora-geral
distrital de Coimbra, Maria José Bandeira, que sucede a Euclides Dâmaso.
Na
cerimónia, Lucília Gago realçou que o Ministério Público, face às
atribuições e aos desafios correntes, se vê confrontado com uma
necessidade de uma cada vez maior congregação de esforços.
"Só uma
total e firme determinação na defesa das matrizes incontornáveis da
magistratura do Ministério Público permitirá a sedimentação de um
percurso de afirmação, sendo essencial e urgente realizar-se uma maior
modernização, numa lógica libertadora e de progresso", afirmou.
Na
quinta-feira, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério
Público (SMMP), António Ventinhas, justificou a marcação de uma greve em
fevereiro com a alegada intenção do PS e PSD de alteração da composição
do CSMP.
Segundo Ventinhas, com aquela alteração, ficando em
maioria os membros designados pelo poder político, o que está em causa é
o "controlo do Ministério Público e da investigação criminal",
designadamente o combate à corrupção e à restante criminalidade
económico-financeira.
Já no sábado, a ex-PGR Joana Marques Vidal
também defendeu que "será de manter" a atual composição do CSMP, em nome
da independência dos tribunais.
Inicio da tempestade
A
tempestade entre os magistrados do Ministério Público foi desencadeada
depois do líder do PSD ter dito que pretendia discutir a alteração da
composição do Conselho Superior do MP. órgão com poderes de gestão e
disciplina sobre os magistrados daquele órgão de soberania. A que se
juntou uma declaração em plenário do deputado socialista Jorge Lacão no
mesmo sentido, quando da discussão na generalidade da proposta da
proposta de lei de revisão do Estatuto do MP.
A conjugação das
duas coisas foi um rastilho que levou a uma reunião de "urgência" do
Sindicato dos Magistrados do Ministério Pública, na passada
quinta-feira. Reunião da qual saiu a deliberação de convocar uma greve,
sem data marcada, para o início do ano. Quando o presidente da estrutura
sindical, António Ventinhas, anunciou a greve, o PS já se preparava
para recuar.
O vice-presidente da bancada socialista Filipe Neto
Brandão veio garantir que a "autonomia do MP nunca esteve, não está e
não estará em causa". E que não era propósito do PS alterar o critério
de garantia de uma maioria de magistrados do MP superior aos elementos
eleitos ou designados fora dessa magistratura.
O Presidente da
República também se pronunciou em dois momentos sobre o assunto. Marcelo
Rebelo de Sousa primeiro defendeu que qualquer alteração à composição
do MP necessitaria de uma revisão constitucional e depois veio dizer que
não era necessária. Mas as suas palavras foram de defesa da manutenção
da atual composição do Conselho Superior do Ministério Público.
* Gostamos de pessoas assim, sem medo ou apego ao poder, tem o nosso respeito.
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