17/12/2018

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HOJE NO 
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Bancos centrais de todo o mundo 
temem perspectivas de 2019

As preocupações de bancos centrais do mundo inteiro para 2019 tornaram-se evidentes, depois de muitos alertarem para o cenário de a economia global poder estar a entrar num período de maior incerteza.

O Banco Central Europeu considera que os riscos ao crescimento aumentaram, embora tenha suspendido o seu principal programa de estímulos. Na Suíça e Noruega, autoridades citaram ameaças capazes de causar estragos consideráveis. Já o comandante do banco central chinês admitiu que a economia enfrenta obstáculos.
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Os alertas chegaram antes de a Reserva Federal dos EUA anunciar a próxima decisão de política monetária. Aparentemente, o quadro está a ser reavaliado. O presidente da Fed, Jerome Powell, sugeriu que a trajectória de subidas de juros não será tão agressiva quanto se pensava. Também se discute até que ponto a economia americana pode estar perto de cair em recessão. A Pimco afirmou que os riscos fazem "piscar a luz laranja".

O aumento do proteccionismo, a turbulência em países emergentes, problemas orçamentais em Itália e o Brexit já prejudicaram a confiança, a procura e o crescimento económico em diferentes medidas. E não há muita esperança de alívio em 2019. Dificilmente a expansão global ficará paralisada, mas quase certamente chegará uma fase de maior lentidão.

Na China, dados recentes mostraram que a economia perdeu velocidade outra vez em Novembro. O crescimento da produção industrial diminuiu e o desempenho das vendas no retalho foi o pior desde 2003.

A boa notícia é que, mesmo após uma década de dinheiro fácil, autoridades como Powell e o presidente do BCE, Mario Draghi, ainda sinalizam uma postura flexível no próximo ano. Em Frankfurt, Draghi afirmou que o pano de fundo global é "caracterizado por uma maior incerteza generalizada". O presidente do BCE provocou a desvalorização do euro ao declarar que o "balanço de riscos está a migrar para pior".

"Estamos a ver políticas públicas que dificultam a continuidade do crescimento — seja para o défice nos EUA ou guerras comerciais", explicou Jack Lew, que foi secretário do Tesouro americano durante o governo Barack Obama. "Há muita incerteza e ruptura numa economia que já está no final do ciclo."

Também o comandante do Banco Popular da China, Yi Gang, avisou que o crescimento está a sofrer uma maior pressão e que a política monetária continuará a dar apoio. Yi Gang reconheceu que o relacionamento com os EUA mudou e acrescentou que a Reserva Federal "está mais imprevisível quanto ao ciclo de aumento de juros do que estava há vários meses".

Na reunião do Norges Bank semana, autoridades norueguesas focaram-se "particularmente nas perspectivas para a economia global" e mencionaram "persistentes conflitos comerciais e turbulência em torno de processos políticos na Europa."

Um destes processos — a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit — deixou o Banco da Inglaterra refém. O comandante da instituição, Mark Carney, subiu a taxa de juro duas vezes desde o final de 2017, mas a próxima decisão é incerta, dado que os britânicos estão num luta entre si sobre o acordo para se divorciarem da UE. Até haver uma solução, as autoridades monetárias aguardam.

Para muitos bancos centrais, a economia interna traz aspectos positivos: desemprego baixo sustentando a procura e custos de captação atraentes que incentivam investimentos. A queda recente do preço do petróleo — que o presidente americano, Donald Trump, descreveu como equivalente a um corte de imposto — também gera alívio. Porém, as autoridades não podem ignorar as ameaças indefinidamente.

"A economia pode suportar um período curto de grande incerteza sobre políticas públicas e volatilidade nos mercados", afirmou Ethan Harris, economista-chefe global do Bank of America, num relatório enviado a clientes. "Mas a paciência tem limite."

* Os crânios da finança já sabem o que vai acontecer em 2019 e vão informando da desgraça aos bochechos.

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