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IN "EXAME INFORMÁTICA"
09/11/18
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Máquina Moral ou
máquinas sem moral?
Deve um veículo autónomo privilegiar a segurança do condutor ou dos peões?
Já
ouviu falar no “trolley problem” (dilema da carruagem nos carris, em
tradução livre)?
Basicamente, é um “suponhamos”. Imagine que vê uma
carruagem desgovernada num carril que vai matar cinco pessoas que não se
conseguirão desviar a tempo e que tem a oportunidade de desviar o
veículo para um outro carril, onde irá matar uma pessoa. O que faria?
Iria ficar quieto e deixar o destino seguir o seu curso? Iria intervir
com o argumento de que sacrificar uma vida humana é menos mau do que
sacrificar cinco? E, nesse caso, se fossem cinco desconhecidos versus um
amigo ou familiar?
Este dilema levanta questões interessantes sobre ética e moral e recentemente ganhou novo fôlego no mundo da tecnologia quando o MIT desenvolveu um questionário
para abordar esta temática no contexto dos carros autónomos. Assim, ao
longo de 13 situações, os questionados na Máquina Moral são desafiados a
fazer escolhas difíceis perante um cenário de acidente com veículos
deste género.
Vamos
a exemplos práticos: deve o carro autónomo privilegiar a segurança dos
passageiros ou dos peões? A prioridade deve ser a vida de crianças ou de
idosos? De homens ou de mulheres? De executivos ou de criminosos? De
pessoas ou de animais? De cães ou de gatos?
Nenhuma
resposta surge com facilidade, algo que só torna o “trolley problem”
mais interessante. Claro que podemos achar que, em termos gerais,
algumas soluções são mais óbvias (ou não) que outras – poupar as
crianças, privilegiar os humanos em detrimento dos animais… –, mas os
resultados do inquérito mostram que essa é uma tendência dos ocidentais.
No Médio Oriente, por exemplo, notou-se maior preocupação com os
idosos. Além disso, os criminosos também saem prejudicados do inquérito,
com muitos participantes a preferirem poupar cães em vez de criminosos
(algo que já não acontece com gatos).
Também
não estou a ver os fabricantes de automóveis a instruírem um carro
autónomo para poupar a vida de um peão em troca da de um passageiro.
Portanto, fará sentido questionar se os carros autónomos deverão ter
sequer alguma espécie de moral nos seus algoritmos? Irá a regulamentação
obrigar a algo do género? Terá essa regulamentação de ser diferente
consoante a zona do globo onde estamos?
Parece-me
incontestável que a condução autónoma vai reduzir em muito a
mortalidade rodoviária, mas parece-me igualmente incontestável que as
falhas ou opções tomadas por estes veículos irão ser muitíssimo mais
escrutinadas do que os disparates que vemos constantemente nas estradas.
Talvez o melhor seja não fazer grande coisa para evitar entrar em
terrenos de moral dúbia. Menos é mais?
IN "EXAME INFORMÁTICA"
09/11/18
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