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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/
/DA MADEIRA"
Morreu Maria José Moura criadora da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas
A investigadora Maria José Moura, responsável pela criação da Rede
Nacional de Bibliotecas Públicas, em 1986, morreu hoje, em Lisboa, aos
81 anos, anunciou a Direção-Geral do Livro, Arquivo e Bibliotecas
(DGLAB).
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Maria José Moura “era considerada, por muitos, a ‘mãe’
da Rede de Bibliotecas Municipais”, lê-se no comunicado que refere “as
diversas homenagens que lhe foram feitas, em Portugal e no estrangeiro,
[que] reconheceram a mulher que serviu a causa das bibliotecas durante
toda a vida”.
Em 2016, em entrevista à agência Lusa, Maria José
Moura afirmou: “Na biblioteca não precisa de gastar um tostão! É um dos
poucos locais a que as pessoas têm direito a recorrer, não é um favor
que lhe estão a fazer, é dinheiro que vem dos seus impostos”, disse,
recordando que, 30 anos depois da criação da Rede Nacional de
Bibliotecas Públicas (RNBP) ainda era preciso conquistar os portugueses
para a utilização destes espaços de leitura.
No comunicado hoje
divulgado, a DGLAB afirma que, “reconhecidamente”, Maria José Moura
“teve um papel determinante na Leitura Pública no Portugal democrático,
em particular, com a implantação do Programa da Rede Nacional de
Bibliotecas Públicas.
Em entrevista à Lusa, em 2016, 30 anos
depois da criação das bases de uma rede nacional de bibliotecas públicas
municipais, a bibliotecária recordou esse processo, a pedido da então
secretária de Estado da Cultura, Teresa Gouveia, que contou consigo,
como representante da Associação Portuguesa de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas, assim como com Teresa Calçada, atual
responsável do Plano Nacional de Leitura, Pedro Vieira de Almeida e
Joaquim Macedo Portilheiro, do antigo Instituto Português do Livro. A
rede conta hoje com mais de 200 equipamentos, em todo o país.
“O
facto de não haver bibliotecas públicas em Portugal, dez anos depois do
25 de Abril, era um escândalo”, disse então Maria José Moura à Lusa.
“Todos os países civilizados, melhor ou pior, têm bibliotecas (...). A
rede de bibliotecas itinerantes - foi uma sorte que este país teve --
era o que havia.
Fora isso, só havia meia dúzia de bibliotecas das
câmaras, com as estantes fechadas. Tudo poeirento, triste, sem luz. Era
uma coisa sem vida”, recordou.
Licenciada em Ciências Históricas e
Filosóficas e com o Curso de Bibliotecário Arquivista, pela
Universidade de Coimbra, Maria José Moura foi diretora dos Serviços de
Documentação da Universidade de Lisboa até 1987.
Dirigiu o
Programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas até 2006. Durante esse
período, foi também coordenadora e redatora de um novo Relatório de um
Grupo de Trabalho, no qual se reformulavam as linhas estratégicas para o
desenvolvimento das Bibliotecas Públicas Municipais em Portugal,
passados dez anos do arranque da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.
Foi,
simultaneamente, coordenadora-geral do Projeto do Inventário do
Património Cultural Móvel, delegada nacional do Programa Geral de
Informação da UNESCO, vice-presidente do Conselho Superior de
Bibliotecas, responsável pelo National Focal Point -- Telematic for
Libraries Program, membro do Information Society Forum, em Bruxelas, e
fazia parte da Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura.
Foi
uma das fundadoras da Associação Portuguesa de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas (BAD), da qual era asssociada honorária, e
onde tinha já sido presidente da direção e da mesa da assembleia-geral.
Maria
José Moura fez parte dos comités permanentes da Federação Internacional
de Associações e Instituições Bibliotecárias, designadamente do de
Bibliotecas Públicas e do de Edifícios e Equipamentos Bibliotecários.
Foi
condecorada pelo Estado português com a Ordem do Mérito e, em 1998,
recebeu o Prémio Internacional do Livro, em Amesterdão, por proposta da
Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecária.
Na
entrevista à Lusa Maria José Moura salientou o lado formativo das
bibliotecas, espaços que podem ser sucedâneos das escolas: “As pessoas
têm possibilidade de encontrar resposta para uma quantidade enorme de
coisas que antes não precisavam”.
Para Maria José Moura, a
biblioteca ideal é aquela em que “as pessoas conseguem encontrar
respostas para as suas necessidades, sejam elas de ordem pessoal” ou
profissional.
“As bibliotecas têm de se adaptar àquilo que lhe é
pedido e não ver nisso uma desconsideração. Não se sentir diminuída.
Pelo contrário”, afirmou em entrevista à Lusa.
O velório de Maria
José Moura realiza-se hoje, na igreja de N. S. da Conceição, nos
Olivais, em Lisboa, de onde o funeral sairá no sábado, em direção ao
Cemitério dos Remédios, em Évora, onde será rezada missa de corpo
presente pelas 11:00, segundo a DGLAB.
* Não morreu, foi criar uma rede de Bibliotecas Públicas nas estrelas.
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