HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Ministra da Justiça alerta para persistência de racismo nas sociedades
A ministra da justiça, Francisca Van
Dunem, alertou hoje no lançamento de um livro infantil sobre racismo que
“infelizmente este é um problema que ainda existe” nas sociedades e ao
qual não se pode deixar de dar atenção.
À
margem do lançamento do livro “Artur e a Magia do Coração”, de Isabel
Santos Moura com ilustrações de Vânia Clara, em Lisboa, a ministra da
Justiça disse à Lusa que o racismo "infelizmente ainda corresponde a um
padrão social”.
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“As
crianças nascem e acabam por se enquadrar, todos nós somos formatados
pelas sociedades em que nos inscrevemos, e é natural que os mais
pequenos reproduzam, num certo sentido, os padrões e os estereótipos que
existem relativamente à diferença”, salientou.
“Artur
e a Magia do Coração” conta a história de um rapaz que tem uma cor de
pele diferente e que, por isso, é excluído das brincadeiras pelas outras
crianças. A fim de colmatar a solidão, uma fada dá vida a um boneco de
neve com a qual Artur pode brincar.
O
Ministério da Justiça, de acordo com Francisca Van Dunem, durante uma
intervenção no lançamento da obra, apoia o lançamento deste livro com
“grande entusiasmo porque aquilo que está em causa são matérias de
justiça e injustiça”, pois o racismo “é um absurdo, e infelizmente é um
problema que ainda existe nas nossas sociedades e que não podemos deixar
de dar atenção”.
A
ministra da Justiça realçou que "todos os passos que se passam dar são
bem-vindos e contribuirão seguramente para um bom resultado no final”.
“A Dra. Isabel Santos Moura encontrou uma forma de falar e falar para
todos, porque este é um livro que é para crianças e para adultos. Tem
uma linguagem muito simples, mas profundamente apelativa, e permite a
compreensão da irracionalidade e do absurdo do fenómeno do racismo, a
discriminação das pessoas em função da sua raça”, elogiou a ministra da
Justiça.
No
livro, o boneco de neve, criado pela fada Luana, começa a brincar com
Artur, e as crianças, que inicialmente se recusaram a aceitá-lo,
observam atentamente, mas por vergonha e teimosia não se chegam a
aproximar.
Posteriormente
tentam aproximar-se do jovem mas não conseguem brincar com o boneco de
neve da mesma forma que Artur, porque o boneco decide não reagir e
recusa-se a brincar. Ao observar a situação, a fada decide intervir para
explicar que as crianças apenas cometeram um erro.
“E
esta é a magia desta fabula, que obviamente corresponde a um conto, mas
que nós gostávamos que se tornasse realidade, e para se tornar real é
importante que as pessoas consigam perceber e entender que somos todos
diferentes mas todos iguais, que o mundo tem tanta cor como as mil cores
da paleta do arco íris e que seguramente seria muito triste e muito
cinzento se não houvesse diferentes tonalidades de cor”, acentuou.
Francisca
Van Dunem terminou a sua intervenção na sessão citando uma frase do
ativista norte-americano Martin Luther King: “O aspeto mais importante
acerca do homem não é a cor da sua pele ou a textura do seu cabelo, mas a
textura e a qualidade da sua alma”.
A
autora do Livro, Isabel Santos Moura, disse por sua vez que desde cedo
se interessou pelo mundo dos livros e da escrita ganhando, com 8 anos, o
primeiro prémio de um concurso literário infantil no género de conto,
mas em declarações à Lusa, reconheceu que não quer somente escrever
histórias para ajudar as crianças a adormecer e pretende também
“escrever histórias que tenham uma mensagem”.
“Decidi
escrever sobre o racismo porque este tema ainda é um pouco tabu, as
pessoas até podem negar a sua existência e afirmar que este livro pode
nem ser necessário, mas na minha opinião este problema ainda existe e
uma das formas de o combater é precisamente, ou pode ser, através da
escrita”, sublinhou a autora.
A
principal mensagem do livro, de acordo com a escritora, é que
independentemente da cor da pele “todos nós somos iguais e que a amizade
não tem cor”.
“As
crianças não nascem racistas, estas tornam-se racistas. Desta forma, é
cada vez mais importante abordar estes temas com os mais novos, até para
que estes consigam perceber quando os seus próprios familiares estão a
agir de forma menos correta e consigam dizer ‘isso é errado’”, explicou
ainda a autora da obra.
* O melhor homem do século XX e ainda do século XXI foi Nelson Mandela, era branco por dentro.
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