HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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HOLANDA
As escravas das
Irmãs do Bom Pastor
.exigem indemnização
Pelo menos 15
mil raparigas foram obrigadas a trabalhar para as monjas na Holanda
entre 1860 e 1973. Agora, cinco vítimas exigem indemnização pelos maus
tratos.
"A minha tutora, a menina
Van de Biggelaar, levou-me de comboio até Almelo [no leste da Holanda].
Em Tilburgo, ao menos tínhamos o nome numa etiqueta cosida na roupa, mas
ao chegar a Almelo tornei-me apenas num número", conta Jo Keepers, de
76 anos. Filha de um pai alcoólico e que a mal tratava, ela é uma das
muitas vítimas holandesas de trabalhos forçados, não remunerados, da
ordem católica Irmãs do Bom Pastor.
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Uma lavandaria irlandesa das Irmãs das Madalenas, pro volta de 1900 |
Pelo
menos 15 mil raparigas e mulheres, na sua maioria prostitutas, mães
solteiras ou mulheres incapacitadas, trabalharam em condições
semelhantes à escravatura entre 1860 e 1973 nas lavandarias e casas de
costura desta congregação na Holanda, segundo uma investigação realizada
durante vários anos pelo jornal holandês nrc. Cinco dessas mulheres avançam agora para um processo em tribunal exigindo uma indemnização pelos maus tratos sofridos.
Esta
ordem religiosa já tinha estado envolvida num escândalo semelhante na
Irlanda, onde tinham as chamadas "lavandarias das Madalenas". Aí, umas
10 mil mulheres jovens foram forçadas a trabalhar desde a década de 1920
até 1996. A partir de 2001, o governo irlandês admitiu que as mulheres
que trabalhavam lá foram vítimas de abusos, mas o processo só foi levado
a tribunal em 2011. Em 2013, finalmente, houve um pedido formal de
desculpas e foram determinadas indemnizações.
Na Holanda as monjas, instaladas nos
chamados "refúgios do amor" nas cidades de Almelo, Tilburgo, Zoeterwoude
e Gelderland, ganhavam dinheiro com os trabalhos de costura que faziam.
Desde roupas de bebé a fardas para os militares, passando por coletes
de força para instituições psiquiátricas, tudo era confeccionado pelas
escravas. Também faziam bordados, por exemplo para a Casa Real
holandesa. Além dos trabalhos forçados, há relatos de abusos sexuais,
maus tratos e negligência na educação das raparigas.
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Casa de Costura em Almelo, na Holanda |
A
investigação do jornal holandês inclui testemunhos de várias vítimas.
Na sua maioria, eram raparigas que vinham de famílias pobres, que eram
orfãs ou que por qualquer motivo não tinham meios para sobreviver
sozinhas. Algumas eram consideradas "perdidas" por terem engravidado ou
por terem sido mal tratadas. A entrada para a Irmandade era considerada
"a única solução", conta Margot Verhagen, atualmente com 85 anos.
Trabalhavam mas não recebiam qualquer salário.
Até
à década de 1970 as raparigas eram entregues a esta instituição
geralmente contra a sua vontade pela família ou mesmo pelo Governo (no
caso irlandês). Agora, e depois de anos de denúncias, como conta o jornal espanhol El Pais,
existe finalmente um processo na justiça em que cinco vítimas pedem que
o Estado reconheça os danos causados por estas práticas. Estas mulheres
estão a ser apoiadas pela plataforma VPKK de apoio a vítimas.
No
ano passado, a congregação publicou uma carta pedindo desculpa às suas
vítimas mas negou-se a pagar indemnizações porque diz que tudo aconteceu
há já "muitos anos". As Irmãs do Bom Pastor tinham casas em vários
locais da Europa, Canadá e Austrália e todas elas funcionavam da mesma
forma, por isso é provável que mais denúncias apareçam.
* E quem havia de estar por trás deste "merchandising esclavagista", a santa madre igreja de Roma pois claro!!!
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