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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Observatório JN
Há barris de pólvora de novo a crescer
Um ano
após a tragédia de Pedrógão e a escassos meses de se aproximar igual
marca da grande catástrofe que atingiu a Zona Centro, é legítimo que
qualquer cidadão se interrogue acerca do percurso e das estratégias que
nos protejam para o presente e para o futuro.
Se
a defesa é uma questão de soberania nacional, não é menos verdade que a
segurança e proteção de pessoas e bens é igualmente um facto de enorme
responsabilidade do Estado, indelegável, imprescindível para que se
promova a coesão, proteção e segurança.
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COLECTIVIDADE EM VILA NOVA DA RAÍNHA |
Nos primeiros tempos, era determinante
responder-se à emergência. E aqui, o Estado Central, as autarquias, a
sociedade - apoiada em tantos movimentos de cidadãos que emergiram e que
provaram que a solidariedade é uma causa que nos agrega sem tutelas -,
deram sinais de resposta ajustada.
Sendo verdade que nem em todos os domínios ela foi de igual amplitude e com a mesma equidade.
De
facto, no apoio aos pequenos agricultores, aos que desempenham uma
atividade de complemento da sua atividade económica, aos que - tantas
vezes - são o primeiro elo na defesa do território e da coesão local, e
que contribuem para o primeiro escudo natural de proteção das nossas
aldeias, o apoio do Ministério da Agricultura e Pescas não foi ajustado.
Nem
os operadores e proprietários florestais veem encontradas soluções para
que se opere a remoção de tantas toneladas de madeira queimada, o que é
imperioso para se garantir a não infestação desses terrenos e que não
se propague e eternize o estado de degradação paisagística e ambiental.
Mas,
ao mesmo tempo em que se procuram mitigar esses efeitos, a pergunta
legítima não deixa de se colocar: como está o país preparado para o
futuro? Que medidas estruturais estão a ser desencadeadas?
Julgo
ser evidente que a ação governativa está centrada na gestão mais
imediata, procurando demonstrar que está a contratar meios -
principalmente aéreos, depois de ter deixado para trás a ideia das
forças profissionais para combate a fogos florestais, como havia
anunciado no Conselho de Ministros ocorrido após o 15 de outubro.
E
a questão estrutural e nuclear do planeamento florestal? E a gestão
sustentável da floresta? E o combate ao abandono destes terrenos, onde
não se investe se não existir retorno e onde não pode deixar de se
defender a biodiversidade? E o ordenamento florestal, a existência de
"faixas-tampão" e a plantação de áreas de proteção nos coroamentos das
povoações, mais resilientes e ajustadas a essa função?
Estas
são, de facto, questões que jamais poderão continuar sem resposta. Sob
pena de nada fazermos a pensar no futuro, que cada vez é mais presente.
Basta
percorrermos as áreas ardidas e observarmos o que está a acontecer: são
inúmeras as árvores invasoras que estão a emergir e a alterar
profundamente a floresta que existia. As mais resistentes - eucaliptos e
acácias, através das suas sementes, estão a dominar a regeneração
natural. Não é difícil encontrar num metro quadrado várias dezenas
destas espécies em crescimento! Incluindo bermas ou mesmo no meio de
caminhos.
Sem medidas para a sua limpeza imediata, em breve, estaremos perante autênticos barris de pólvora. Assustador, mas real.
*Presidente da Câmara de Tondela
* Estão lembrados que foi numa freguesia de Tondela, Vila Nova da Raínha, que aconteceu um incêndio numa colectividade que não tinha portas de fuga, morreram 9 pessoas e o sr. Presidente da Cãmara disse que nada tinha a ver com a fiscalização e segurança daquele espaço público.
Agora está um verdadeiro kalimero.
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