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Marcelo do lado da autonomia
IN "EXPRESSO"
12/05/18
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Marcelo do lado da autonomia
da identidade de género
Marcelo Rebelo de Sousa, ao avaliar o decreto relativo à
autodeterminação da identidade de género e expressão de género e
proteção das características sexuais de cada pessoa, viabilizou a
globalidade do diploma e a filosofia subjacente ao mesmo.
O
cerne do decreto em causa é a autodeterminação da identidade de género.
Como é sabido, nos termos da lei atual (2011), a mudança de sexo no
registo está dependente de relatórios médicos, mesmo que os transexuais
em causa sejam maiores de idade, numa lógica ultrapassada de
patologização da sua identidade.
De resto, essa lei,
que à época foi um avanço, foi aprovada com os votos contra da direita,
que chegou a exigir – imagine-se – a esterilização forçada das pessoas
trans.
Marcelo Rebelo de Sousa foi claro em afirmar
que compreende as razões que fundamentam a inovação legislativa e negou,
com firmeza, a posição da associação portuguesa dos médicos católicos,
segundo a qual deve haver um relatório médico que ateste a existência de
“disforia de género”.
Para Marcelo, a transexualidade não se prende com qualquer situação de patologia ou de anomalia mental.
Rejeitou, assim, não só a posição daquela associação, como a visão do PSD e do CDS.
O
Presidente da República viabilizou a proteção das características
sexuais das pessoas intersexo, rejeitando, assim, a proposta violenta do
PSD de permitir a mutilação de crianças se essa for a vontade dos pais.
Por outro lado, as normas relativas à proteção das
crianças trans, nomeadamente as que se referem ao uso do se nome social
na escola, foram viabilizadas.
A dúvida de Marcelo
prende-se apenas com os menores de idade. É neste ponto, e apenas neste
ponto, que recai o seu veto. Entende o Presidente que o Parlamento deve
avaliar a previsão de avaliação médica prévia para cidadãos menores de
18 anos, não para despistar doenças, mas para garantir o máximo de
liberdade e de autonomia para eventual reponderação da opção. O parecer,
de resto, não surge como vinculativo.
Chegado, de
novo, o tempo do Parlamento, tudo faremos, do lado do GPPS, para não
defraudar as pessoas trans, cientes de que a autonomia da
autodeterminação da identidade de género, apesar do reacionarismo da
direita, veio para ficar.
IN "EXPRESSO"
12/05/18
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