3-DIRTY PICTURES
O documentário “Dirty Pictures” (2010) acompanha o farmacologista,
químico e herói alternativo Alexander "Sasha" Shulgin e a sua mulher Ann
Shulgin durante as suas viagens a festivais e conferências para
discutirem as qualidades psicológicas de inúmeras substancias
psicoativas. Sasha, que entrou em Harvard aos 15 anos, ficou conhecido
pela redescoberta do MDMA (Ecstasy) e pela criação de mais de 200
substâncias químicas psicoativas, descritas nos livros TIHKAL e PIHKAL, o
que o levou a ganhar a alcunha de “Padrinho dos Psicadélicos” e a
reputação como um dos maiores químicos do século XX.
Alexander
começou a sua carreira como químico de pesquisas sénior na empresa
multinacional de produtos químicos Dow. Em 1965 Shulgin deixou a Dow
para prosseguir com os seus interesses próprios, e tornou-se consultor
privado.
Através do seu amigo Bob Sager, presidente dos
laboratórios da costa oeste da DEA (administração americana para a
aplicação das drogas), Shulgin desenvolveu uma relação com a mesma e
começou a organizar seminários farmacológicos para os agentes,
fornecendo-lhes amostras de vários compostos e dando ocasionalmente
testemunhos especializados em tribunal. Também foi autor de um livro de
referência para a aplicação das leis às substâncias controladas, e
recebeu vários prémios da DEA.
Em 1967 Shulgin foi apresentado ao
MDMA (ecstasy) por Merrie Kleinman, uma estudante graduada de um grupo
de estudantes de química médica que ele aconselhou na Universidade
Estatal de São Francisco. O MDMA foi sintetizado em 1912 nos
laboratórios da Merck, na Alemanha, e patenteado em 1914 como subproduto
de outra síntese, mas considerado inútil e nunca investigado. Shulgin
continuou a desenvolver um novo método de síntese, e em 1976 introduziu a
substância química ao psicólogo Leo Zeff. Zeff usou a substância no seu
consultório, em pequenas doses, como ajuda à terapia verbal. Zeff
introduziu a substância a centenas de psicólogos por todo o país,
incluindo Ann Shulgin, que Alexander Shulgin conheceu em 1979, e com
quem casou em 1981.
Em 1994, dois anos após a publicação de
PIHKAL, a DEA invadiu o laboratório de Shulgin. Alegando ter encontrado
problemas com a sua arquivação de produtos, a agência requeriu que
Shulgin devolvesse a sua licença por violação dos termos da mesma, e
multou-o em 25 mil dólares por posse de amostras anónimas que lhe haviam
sido enviadas para controlo de qualidade. Nos 15 anos seguintes à
publicação de PIHKAL, dois relatórios planeados falharam na apresentação
de quaisquer irregularidades.
Richard Meyer, porta-voz da
divisão de São Francisco da DEA, afirmou que “É nossa opinião que esses
livros são em grande parte livros de receitas para a preparação de
drogas ilegais. Os nossos agentes relataram que nos laboratórios
clandestinos que invadiram encontraram cópias desses livros”, sugerindo a
muitos que a publicação de PIHKAL e a cancelação da licença de Shulgin
estavam relacionadas.
Numa entrevista, o realizador Etienne
Sauret fala da relação que desenvolveu com os Shulgins durante os 5 anos
que passou com eles a filmar “Dirty Pictures”. Num extracto da
entrevista conta-nos o que o levou a realizar o documentário:
Em
2005, um amigo que dirige um centro de prevenção contra drogas no Reino
Unido queria trazer Sasha até Londres para falar numa conferência. Como
Sasha não pode vir, fomos à Califórnia e fizemos uma pequena metragem
para a conferência. Durante as filmagens, achei Sasha e a sua mulher Ann
verdadeiramente diferentes e amáveis. Mais tarde, quando estava editar
as imagens, os meus colegas de escritório estavam sempre a passar por
mim e a perguntar-me “Mas afinal quem é este tipo?”. Nunca pensei que
Sasha, um senhor de cabelos grisalhos, grandes sobrancelhas brancas e um
sorriso de criança, seria tão apelativo a pessoas entre os 20 e os 30
anos, e achei que se Sasha conseguia despertar a atenção deles valeria a
pena realizar um filme mais longo sobre ele e a sua mulher Ann.
Apercebi-me rapidamente de que a história tinha muito mais interesse do
que eu imaginara inicialmente.
FONTE:
Penso, logo Sou! - Laboratório de Investigação da Consciência
. .
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