Chegou aquela época,
mas com este toque moderno
Com
a aproximação do Natal e do fim do ano vêm os balanços de vida,
confesso que é coisa que nunca me atraiu. Pensar a cada ciclo - Que fiz
eu este ano? Até há quem o faça diariamente. Mas compreendo, e apoio, e
talvez devesse fazer o mesmo, mas não faço.
Só que agora boa parte do que fiz
este ano volta a cair-me no telemóvel. As redes sociais e alguns dos
serviços que usamos divertem-se a devolver o que lhes demos, ou uma
parte disso, muitas vezes sem termos consciência.
É
assim que a Google me atira com os trajectos que fiz, envia um mail com
link onde mostra os locais onde fui, spooky! Na Google Maps é mensal,
mas imagino que vá aparecer o traçado anual.
Já
não bastava o relatório mensal da app da minha balança que envia o
peso, os passos que dei, e ainda vai buscar a tensão arterial para
juntar ao relatório. E o pior é que com tantas contas continuo sem
emagrecer. Mas isso é outra história.
Já nem falo dos Facebooks da vida
que estão sempre a recordar o que fizemos há 2 anos, há 3 anos, quantos
amigos juntamos e quando conhecemos na rede, e recorda aquela pessoa
que não nos lembramos de ter adicionado e que nunca veremos cara a cara
na nossa vida. Por estes dias vem sempre um vídeo clip com os destaques
da nossa vida facebokiana, que nos faz sorrir, e com o qual vamos chagar
todos os nossos amigos que têm todos... Um exactamente igual.
Surge
agora no meu telemóvel este espantoso relatório do Spotify que diz que
ouvi mais de 2400 músicas, e depois vai detalhar tudo, por géneros e
autores, até me diz quantas faixas deixei a meio aparentemente sem
entender que o fiz na maior parte das vezes porque não gostei.
Imaginem
durante dois segundos o que estas atividades todas dizem de nós, dos
nossos gostos, da nossas angústias, dos nossos momentos de felicidade,
de introspecção e de tédio. Das horas de trabalho e de ócio, dos sítios
onde vamos porque tem que ser, e dos outros de que gostamos. Juntem a
isto toda a coleção de todas as buscas, rigorosamente tudo o que
procuramos nos motores de busca e nas redes sociais, cruzado ainda por
cima com o que os nossos amigos, os nossos familiares e os nossos
colegas. fazem? Pense nisto dos segundos e vai entender melhor porque se
diz que o Google ou o Facebook nos conhecem melhor do que nós próprios.
IN "VISÃO"
17/12/17
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