HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
"AÇORIANO ORIENTAL"
Cerca de 6.500 alojamentos locais
ilegais registados este ano
Quase um terço dos
estabelecimentos de alojamento local registados este ano dizem respeito
“única e exclusivamente” a legalizações, devido à obrigação de as
plataformas eletrónicas exigirem o número de registo, de acordo com a
associação do setor.
.
“Com
a nova legislação que obrigou as plataformas a exigirem os números de
anúncios, o número de legalização teve um crescimento importantíssimo.
Estima-se que este ano, das novas aberturas, que foram cerca de 18 mil,
6.500 digam respeito única e exclusivamente a esta ação de legalização”,
declarou à agência Lusa o presidente da Associação do Alojamento Local
em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, advogando que esta “foi talvez das
ações de legalização mais importantes e com maior efeito que já se
fizeram até hoje”.
Segundo
dados do Registo Nacional de Estabelecimentos de Alojamento Local
(RNAL), disponibilizado pelo Turismo de Portugal, o alojamento local em
Portugal mais do que quadruplicou nos últimos três anos, passando de
cerca de 13 mil estabelecimentos registados até 2014 para mais de 55 mil
espaços hoje existentes um pouco por todo o país.
Até
15 de dezembro deste ano, estavam registados 55.345 espaços desta
tipologia de empreendimentos turísticos, localizados maioritariamente
nos concelhos de Lisboa (10.611), Porto (4.881) e Albufeira (4.815).
Ao
longo do ‘boom’ do alojamento local, o maior crescimento foi registado
este ano, com 19.493 estabelecimentos licenciados até 15 de dezembro, um
número ainda superior ao indicado pela ALEP. Em 2016 foram abertos
11.733, em 2015 foram 10.535 e em 2014 foram 4.041 espaços.
Para
o responsável da ALEP, um dos maiores obstáculos ao futuro do setor é a
instabilidade legislativa, nomeadamente as propostas apresentadas por
vários grupos parlamentares para limitar o alojamento local devido ao
arrendamento tradicional, que se preveem que sejam discutidas no início
do próximo ano.
“As
constantes alterações trazem sempre instabilidade e ninguém quer
investir, arriscar a sua vida, o seu futuro, num ambiente que é
instável”, afirmou Eduardo Miranda, defendendo que é necessário
“estabilizar em termos fiscais o setor”.
Na
perspetiva do representante dos titulares de alojamento local, as
propostas dos grupos parlamentares são “precipitadas” e “desajustadas”,
pelo que “podem colocar milhares e milhares de famílias em causa, podem
colocar o próprio setor como um todo em causa”.
Para
discussão na Assembleia da República estão projetos de lei do PS, que
propõe a obrigatoriedade de a assembleia de condóminos autorizar o
titular da exploração do estabelecimento a exercer a atividade numa
fração do prédio; do PCP, que quer que o alojamento local seja
autorizado pelos restantes condóminos e que as câmaras possam limitar
até 30% a ocupação deste tipo de atividade; e do BE, que pretende
“delimitar o conceito de alojamento local, considerando-o uma partilha
temporária de habitação, parcial ou na totalidade, mas que é ocupada
como tal apenas numa parte do ano, até 90 dias, quando se trata de
apartamentos ou moradias por inteiro”.
Visando
também alterar o Regime Jurídico de Exploração dos Estabelecimentos de
Alojamento Local, o CDS-PP apresentou um projeto de lei para clarificar
que “qualquer oposição do condomínio à exploração de estabelecimentos de
alojamento local deve constar do título constitutivo da propriedade
horizontal”.
Sobre
o impacto do alojamento local no arrendamento tradicional, o presidente
da ALEP advogou que é uma questão pontual, considerando que “todo o
debate que está a ser gerado em torno da habitação diz respeito a três
freguesias quando o alojamento local está em 1.587 freguesias”.
Neste
sentido, qualquer medida que seja restritiva ao alojamento local “só
pode ser pensada em situações excecionais, ou seja, não se vai criar
restrições onde não há problemas”, defendeu Eduardo Miranda,
acrescentando que “com algum bom senso e alguma criatividade se
encontram soluções construtivas”.
Para a ALEP, o principal desafio “é tornar o arrendamento tradicional mais atrativo”.
* Este número elevado de legalizações de alojamento local espelha a relação de amor que o tuga tem com a ilegalidade.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário