HOJE NO
"O JORNAL ECONÓMICO"
Cerca 60% dos portugueses têm obesidade ou risco
de desenvolver a condição, diz estudo
de desenvolver a condição, diz estudo
As conclusões do estudo, que estimou pela primeira vez a prevalência da obesidade em todos os segmentos etários da população portuguesa.
Cerca de 60% dos portugueses têm obesidade ou risco de
desenvolver essa condição, segundo os resultados de um estudo do
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) a que a Lusa
teve hoje acesso.
.
As
conclusões do estudo, que estimou pela primeira vez a prevalência da
obesidade em todos os segmentos etários da população portuguesa, revelam
que 22% dos portugueses têm obesidade e 34% pré-obesidade (estado em
que um indivíduo já se encontra em risco de desenvolver obesidade).
“Somando
os dois valores, constata-se que seis em cada dez portugueses (60% da
população) são pré-obesos ou obesos”, indicou Andreia Oliveira,
investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do
ISPUP e primeira autora do estudo.
Neste
estudo, coordenado pela investigadora Carla Lopes, foram avaliadas as
prevalências de obesidade generalizada (através do cálculo do índice de
massa corporal) e central (perímetro da cintura), com recurso aos dados
do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF)
2015-2016, divulgados em março deste ano.
Analisando
os dados por sexo, faixa etária e nível de escolaridade, concluiu-se
que a obesidade é significativamente superior nas mulheres, nos mais
idosos e nos indivíduos menos escolarizados, o que os torna grupos de
risco.
Relativamente
à obesidade abdominal, definida como a razão entre o perímetro da
cintura e o perímetro da anca e calculada apenas para a população
adulta, verificou-se que os homens são os mais afetados, particularmente
os mais idosos.
“Com
este estudo, conseguimos ver o aumento gradual da obesidade ao longo da
idade e percebemos que nas crianças e adolescentes já há uma
percentagem bastante considerável de pré-obesidade (17% e 24%,
respetivamente)”, valores sobem nos adultos e aumentam muito nos idosos,
explicou Andreia Oliveira.
Segundo
a investigadora, as prevalências de obesidade estão a aumentar
consideravelmente em todo o mundo, podendo a situação daqui a uns anos
tornar-se “mesmo caótica”.
“Se
hoje em dia os níveis de pré-obesidade e de obesidade são já tão
elevados em idades precoces, no futuro veremos que a percentagem de
obesos poderá ser ainda maior, dado que sabemos que há uma elevada
probabilidade de uma criança obesa vir a ser um adulto obeso”,
considerou.
Para
Andreia Oliveira esta situação é duplamente problemática, porque a
obesidade é um fator de risco para o aparecimento de várias outras
doenças, como o cancro, as doenças cardiovasculares e também patologias
do foro psicológico.
“Em termos de saúde pública, é um problema grave com grande prevalência no nosso país”, frisou.
O
estudo permitiu igualmente verificar que, aos 15 anos, há um ponto de
inflexão nas prevalências de obesidade, ou seja, estas vêm a diminuir em
anos anteriores, e nesta idade começam a aumentar.
“A
faixa dos adolescentes é na verdade aquela que parece apresentar piores
indicadores, destacando-se o baixo consumo de fruta e hortícolas, a
elevada ingestão de refrigerantes e a inatividade física, com base nos
resultados do mesmo inquérito”, notou.
Andreia
Oliveira referiu ainda que, ao nível de intervenções específicas,
existem programas e estratégias que estão a ser estudados e
implementados e que o caminho deverá passar pela aposta em “programas
mais estruturais e pelo reforço da legislação”.
A
mudança das disponibilidades alimentares, a taxação de bebidas
açucaradas e a criação de infraestruturas para a prática de atividade
física são exemplo disso.
Este
trabalho, designado “Prevalence of general and abdominal obesity in
Portugal: comprehensive results from the National Food, Nutrition and
Physical Activity Survey 2015-2016”, foi distinguido no dia 26 de
novembro, durante a cerimónia de encerramento do 21.º Congresso
Português de Obesidade, na categoria “Obesidade e Comorbilidades”.
Além
de Andreia Oliveira e Carla Lopes fazem parte do estudo os
investigadores Joana Araújo, Milton Severo, Daniela Correia, Elisabete
Ramos e Duarte Torres.
* Sob o ponto de vista económico quantos mais obesos existirem, mais pobre fica o pais.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário