HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Stiglitz diz que Trump é o maior risco
para a economia em 2018
O economista considera que a imprevisibilidade do presidente dos EUA coloca desafios à economia, e diz que a reforma fiscal que promoveu é a pior que viu na vida.
O economista Joseph Stiglitz considera que o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, constitui o maior risco para a economia
mundial em 2018, sobretudo devido à imprevisibilidade das suas decisões.
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Numa
entrevista à Bloomberg TV, no Dubai, o Prémio Nobel da Economia,
afirmou que "no geral, Trump é o maior risco", quando questionado sobre
os maiores desafios para o próximo ano.
"Não
sabemos o que vai fazer em nenhuma das dimensões. Isso inclui política
externa, Coreia do Norte. Há um nível de erraticidade que torna as
previsões muito difíceis", acrescentou.
Stiglitz
criticou ainda a reforma fiscal dos Estados Unidos, aprovada pelo
Senado no início da semana passada, por aumentar a desigualdade no país e
criar distorções entre sectores.
"É
provavelmente a pior lei fiscal que vi na minha vida. Aumenta os
impostos para a maioria dos cidadãos, que vão pagar um corte para as
grandes empresas e os bilionários, numa altura em que a desigualdade é
um grande problema no país. E cria grandes distorções entre os
sectores", justificou o economista.
Apesar de
acreditar que o presidente dos Estados Unidos deixou de lado a sua
política do dólar forte, Stiglitz antecipa que o corte dos impostos vai
conduzir a um maior défice orçamental, um maior défice da balança
comercial e, consequentemente, a uma subida da divisa norte-americana.
"Ele
[Trump] percebeu finalmente que um dólar fraco é bom para as
exportações e para baixar o défice comercial. O que ele parece não
entender é que o valor do dólar não é controlado pelo presidente. Ele
pode ter muitos poderes mas esse não é um deles", afirmou. "O valor do
dólar é determinado por factores macroeconómicos. E os factores que ele
está a promover, nomeadamente o corte de impostos, vão conduzir a um
maior défice orçamental, um maior défice comercial e um dólar mais
forte".
Na mesma entrevista, Stiglitz falou
sobre as mudanças na política monetária dos principais bancos centrais
do mundo, prevendo que, no próximo ano, a Reserva Federal dos Estados
Unidos "vai liderar o caminho". "Acho que a acção mais forte virá da
parte da Fed", antecipou.
"O mais
interessante é ver o que vai acontecer com o BCE, porque enfrentam um
dilema: se seguirem os EUA, Itália terá um problema. Tem um grande
défice em relação ao PIB, e se as taxas de juro subirem fica difícil de
gerir e a Europa poderá ter uma nova crise. Penso que serão mais
contidos no ajustamento", concluiu.
* Uma entrevista a tentar ler na íntegra.
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