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O sol quando nasce
é para todos
Portugal tem vindo a trilhar um caminho promissor em termos de
utilização de energias renováveis. São hoje visíveis as consequências
positivas para o país de apostas feitas há mais de duas décadas.
A energia renovável é e será um aspeto decisivo para a transição
de Portugal para a sustentabilidade, ainda que deva ser sempre pensada e
concretizada a par com um uso mais racional da energia, numa ótica de
suficiência.
Portugal tem vindo a trilhar um caminho promissor em termos de
utilização de energias renováveis, é certo que com alguns altos e baixos
decorrentes de diferentes ciclos políticos, mas são hoje visíveis as
consequências positivas para o país de apostas feitas há mais de duas
décadas. Temos hoje menos emissões de dióxido de carbono (CO2), menos
poluição do ar e mais emprego devido à aposta na promoção da produção de
eletricidade a partir de fontes renováveis, as únicas onde a “fonte”
não requer qualquer pagamento. Basta-nos ter a tecnologia certa para as
aproveitar.
Mas os desafios presentes e futuros que se colocam a Portugal são
superiores aos conquistados até hoje. Não obstante o trabalho já feito,
muito falta ainda fazer, por exemplo na necessária transição para uma
mobilidade partilhada e elétrica, no âmbito dos objetivos de
descarbonização a que Portugal já se comprometeu a atingir em 2050. Do
lado da produção, a aposta no solar. A energia fotovoltaica representa
menos de 2% de toda a produção elétrica renovável, que muito contrasta
com a produção hídrica e eólica que asseguram a maioria da produção
verde. Na lógica da transição energética, esta aposta tem de acontecer
sempre com o foco de atingir o consumo suficiente de energia, pois
qualquer produção de energia tem implicações várias na sustentabilidade e
nem todas são positivas, mesmo tratando-se de energias renováveis.
Para além da sustentabilidade inerente, as energias renováveis são
também relevantes pela forma democrática como podem ser aproveitadas e
utilizadas. O sol quando nasce é para todos e deve ser um desígnio de
Portugal apostar na democratização do acesso ao mesmo. A promoção do
autoconsumo, a nível individual e coletivo (por exemplo, nos
condomínios, em bairros e comunidades) é um passo fundamental que
Portugal tarda em dar, ao contrário do que outros países já estão a
fazer. Na União Europeia já se percebeu que existe um enorme potencial
de fomento de sistemas descentralizados de produção de energia
renovável, atribuindo a cada cidadão europeu maior responsabilidade e
capacidade de ser um agente do sistema. Neste sentido, Portugal,
pioneiro em renováveis, está a ficar para trás no apoio aos projetos de
energia promovidos por grupos de cidadãos ou comunidades locais.
Escócia, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda: todos têm medidas
específicas para apoiar projetos promovidos por cidadãos e não se
compreende a razão porque Portugal insiste em defender um sistema
centralizado, onde o cidadão é um mero consumidor.
Ao longo dos seus quatro anos de atividade, a Coopérnico conquistou
mais de 790 membros, que investiram 727.500€ na produção de energia
renovável expressa em 650 kWp de potência instalada em 14 centrais
fotovoltaicas em todo o país. Muito recentemente, a cooperativa
ultrapassou 1 GWh de produção de energia renovável anual.
Para assinalar o seu 4.º aniversário, a Coopérnico lançou o ID
Energia, uma plataforma online para ajudar a poupar energia e água e
medir a produção dos sistemas de autoconsumo, a cidadãos e organizações.
Esta plataforma está acessível a todos os portugueses gratuitamente aqui.
Em 2018, a Cooperativa tem por objetivo ser a primeira empresa da
economia social a comercializar energia elétrica, permitindo aos
cidadãos serem donos da empresa que lhes fornece eletricidade.
Para a Coopérnico, a primeira cooperativa de energias renováveis em
Portugal, promover a capacitação e participação dos cidadãos no sistema
energético é o elemento estruturante da sua ação e acreditamos na
implementação deste modelo de forma alargada.
Membro da direção da Coopérnico
IN "OBSERVADOR"
23/11/17
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