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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Morreu o jornalista Pedro Rolo Duarte
O jornalista, que integrou a direção do DN em 2004 e 2005, tinha 53 anos
Pedro
Rolo Duarte trabalhou em jornais, rádio e televisão. Foi editor do
suplemento DNA, publicado no Diário de Notícias entre novembro de 1996 e
janeiro de 2006. Foi subdiretor do DN entre 2004 e 2005.
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Rolo Duarte deixou a sua marca em inúmeros jornais e revistas, como o jornal Se7e e O Independente, a revista Kapa, mas também na Visão e no jornal i onde fundou e editou o projeto "Nós", nos anos 2009 e 2010.
Pedro
Rolo Duarte estava doente há algum tempo. Primeiro um cancro no pulmão,
que combateu com cirurgia e tratamentos. Depois, o cancro no estômago,
ao qual não resistiu. Tinha apenas 53 anos. E ainda muito por fazer,
como escreveu o amigo Miguel Esteves Cardoso numa crónica
publicada na passada segunda-feira no jornal Público com o título
"Pedro Rolo Duarte": "A verdade - aquela que, com unhas e dentes,
ninguém nos tira - é que fizemos, singularmente, muita coisa juntos. Mas
não te aconchegues: ainda falta muita coisa. Algumas estão marcadas -
algumas há muito, muito tempo - e outras, as melhores, ainda estão por
marcar, vê lá tu. (Vê lá essa merda)."
É praticamente impossível listar todos os
projetos em que trabalhou desde que, aos 17 anos, descobriu a sua paixão
pelo jornalismo e começou a enviar textos para o suplemento juvenil do
Correio da Manhã. Em 1984, a convite de Rui Pêgo e Henrique Mendes,
estreou-se na Rádio Renascença, com um programa diário, em direto,
"Sessão da Meia Noite". Um ano depois, mudou-se para a Comercial e
começou também a colaborar com o DN.
Entre
as muitas presenças na televisão, é fácil lembrar o seu rosto em
"Tempos Modernos" (RTP1, 1988-89), "VivaMúsica", (RTP1, 1985-87),
"Falatório" (RTP2, 1996-97) ou "Fala Com Elas" (RTP-N). Na rádio, após
uma longa carreira, fazia, até recentemente, o programa "Hotel
Babilónia", com João Gobern, e "Mais Novos Que Nunca" (Antena 1 e Antena
2).
É mais fácil citar entrevistas
feitas pelo jornalista Pedro Rolo Duarte do que entrevistas dele, sobre a
sua vida e a sua carreira. Em 2010, Anabela Mota Ribeiro fez-lhe o "Questionário de Proust",
para uma rubrica publicada no Jornal de Negócios. Nessa entrevista,
Rolo Duarte admitia que o seu pior defeito era o "excesso de
sinceridade, uma terrível incapacidade de disfarçar a impaciência" e
falava do seu sonho de felicidade, que incluía "um hotel rural, um
restaurante, a minha mulher da minha vida, o meu filho e a filha que me
falta. Tudo no mesmo lugar, com Sol e mar muito perto. Ah, claro, e a
revista que ninguém ainda quis fazer..." - as revistas, claro, as
revistas eram o seu fétiche, tinha sempre um projeto para uma nova revista carteira.
No
DN, apesar de ter integrado a direção, o seu grande projeto foi
anterior a isso, foi o DNA, um suplemento que se dedicava a temas de
cultura mas não só. Era um espaço onde cabia tudo, desde que o trabalho
tivesse qualidade, como explicava Rolo Duarte no editorial publicado a
25 de novembro de 2005: "O DNA é um suplemento do Diário de Notícias.
Complementar significa, neste caso, acrescentar. O DNA deve acrescentar
criatividade, reflexão, profundidade e personalização. Deve ser uma vez
por semana o que o DN, pela sua natureza, não pode ser todos os dias
(...) No DNA não procuramos objetividade nem verdade. Procuramos
sinceridade, seriedade, e uma clara noção de ética (...) As matérias do
DNA devem ser o reflexo dos factos no pensamento de quem os escreve. Não
há uma entidade DNA - há a soma das identidades que o produzem. O
anonimato é proibido e a ocultação do poder do autor no seu trabalho é
sempre de lamentar. Cada imagem, cada palavra, cada traço têm um peso - e
um autor".
Neste suplemento,
escreveram jornalistas como Anabela Mota Ribeiro, Luís Osório, Sónia
Morais Santos, Catarina Carvalho, e muitos outros, além de ter ainda
crónicas de Miguel Esteves Cardoso e do escritor Mario Vargas Llosa. Dez
anos depois, na despedida, dizia aos leitores: "Do orgulho que tenho em
ter imaginado, concebido e editado o suplemento, não tenho palavras que
cheguem para vos dar conta da minha alegria. O DNA foi o projeto mais
apaixonante que tive na minha vida profissional - e se assim o sinto, a
vós o devo. Porque os jornais são pessoas, são palavras, são imagens,
são ilustrações. Porque o DNA foi tudo isso com uma dose reforçada de
sentimentos, de personalização, de empenhamento".
Ultimamente, Pedro Rolo Duarte mantinha uma coluna no site Sapo24 e tinha um blog pessoal. O último post foi publicado a 5 de novembro. No entanto, aqui Pedro nunca falou da sua doença.
* Quão injusta é a vida.
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