ESTA SEMANA
NO
"SOL"
Lajes.
Base americana contamina ilha Terceira.
Centeno não garante ajuda
Os Estados Unidos não facilitam nas verbas para a descontaminação. O Orçamento do Estado do próximo ano também não. Oposição apresentará proposta de alteração
O governo regional remete para o governo central; o ministro do
Ambiente remete para os Negócios Estrangeiros, o PS remete para as
negociações com os EUA, Centeno diz que não sabe.
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Na proposta de Orçamento do Estado para 2018, a descontaminação dos
solos e aquíferos da Ilha Terceira afetados pela Base das Lajes não tem
qualquer verba atribuída. O ecossistema sofreu repercussões face à
presença militar norte-americana e partidos com assento parlamentar já
evocaram estudos realizados pelo Laboratório Nacional de Engenharia
Civil (LNEC) para manifestarem a sua preocupação ambiental e com a saúde
pública - o Bloco de Esquerda no início do ano; o PSD, novamente, em
torno do debate do Orçamento do Estado para 2018.
Contrariamente ao sucedido no Orçamento do ano corrente, em que a
ilha do arquipélago açoriano dispunha de uma verba de até 100 milhões de
euros (inseridos num Plano de Revitalização Económica [PREIT]), no
Orçamento para 2018 já não consta qualquer plano para a descontaminação.
No parlamento, o ministro das Finanças, Mário Centeno, foi questionado
acerca da ausência de qualquer referência ao PREIT ou à descontaminação
daquele território no seu Orçamento. Em resposta ao deputado do
PSD/Açores António Ventura, o ministro disse: “Vou tentar saber o que se
passou com o artigo que constava [no OE anterior, já não constando
deste], e com a implementação deste plano [o tal PREIT], não tendo aqui,
confesso-lhe, informação para dar que seja suficientemente robusta, mas
faremos nota disto”.
A oposição, que já havia escutado o ministro do Ambiente remeter
explicações sobre a descontaminação para o ministro dos Negócios
Estrangeiros (isto é, para as negociações com os EUA), prefere separar
“a responsabilidade do Estado” das exigências feitas à administração
norte-americana. Dito de outro modo: o princípio do “pagador/poluidor”
não deve excluir uma verba para a descontaminação do Orçamento do
Estado. “Independentemente das negociações com os Estados Unidos da
América”, o PSD avançará, sabe o i, com uma proposta que vise alterar o
OE, reinstituindo a referência ao PREIT, que prevê a verba referida e
que constava do Orçamento anterior.
No debate do OE para 2018, Lara Martinho, do PS/Açores, defendeu, por
sua vez, que “perguntar onde param os 100 milhões de euros no Orçamento
de Estado significa pura e simplesmente” desistir “de exigir aos EUA a
obrigação que eles têm de descontaminar o que contaminaram”.
O outro
lado de esperar por uma cedência norte-americana tem que ver com o facto
de a reunião da comissão bilateral entre Portugal e os EUA realizada
este ano não ter concretizado quaisquer avanços na matéria, tendo vindo o
próprio presidente do governo regional dos Açores (Vasco Cordeiro, do
PS) a considerá-la “insatisfatória” e o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva, confimar que não se conseguirão mais
verbas para a descontaminação da ilha. A próxima reunião da comissão
bilateral será em dezembro e o tema será precisamente a descontaminação -
ou a necessidade desta.
O Partido Socialista defende que se deve
esperar pelo resultado desse encontro.
Perigo para a saúde pública
O problema salta de dimensão a partir do momento em que o mencionado
deputado do PSD/Açores, António Ventura, veio lembrar que o último
relatório do LNEC afirma que a contaminação existe e que “vários
investigadores estão a relacionar diretamente o número elevado de
cancros” com a contaminação de “metais pesados e hidrocarbonetos”
oriundos da base das Lajes. Daí a urgência dos sociais-democratas e a
proposta de alteração ao Orçamento que apresentarão ao ministro das
Finanças.
No último ano, o governo vem insistindo que o PREIT será cumprido à letra. No Orçamento, todavia, não consta.
* Desde que a base militar americana foi instalada nas Lajes, sabia-se que aquilo iria poluir, o dinheirinho, pouco já se vê, eram uma ajuda para os governos salazarentos e para todos os democráticos eleitos após o 25 de Abril. Agora anda-se ao "acha" enquanto as populações da região são envenenadas gota a gota, apenas um processo suave, tão suave como o actual governo.
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