24/10/2017

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As mulheres fazem o dobro que os homens nas tarefas domésticas

O dado foi conhecido na sessão levada a cabo na CMF e que assinalou o Dia Municipal da Igualdade

O Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal congregou esta tarde na sua grande maioria várias mulheres, que compareceram em peso para assinalar o Dia Municipal da Igualdade.

Numa problemática que diz respeito aos dois géneros, foi o sexo feminimo que mereceu um maior olhar por parte dos oradores. Madalena Nunes, vereadora com os pelouros da Educação, Habitação e Desenvolvimento Social, presidiu a sessão alertando para a estratégia municipal para a igualdade.
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IGUALDADE DE GÉNERO

Segundo a autarca, desde 2014 que a estratégia está montada com diferentes eixos de intervenção e trabalho e “se analisarmos com cuidado”, vemos que a preocupação da CMF “foi estabelecer parcerias, a nível interno e externo”.

Madalena Nunes realçou que trabalhar esta problemática “internamente é muito importante”, pois confere outro tipo de “sensibilidade” para estas questões, desmistificando “muitas ideias que estão feitas e interiorizadas em cada um de nós”.

Estabeleceu-se também uma parceria com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), “que ajudou bastante” para a “formação” dos trabalhadores da CMF. Houve também ao longo destes quatro anos a preocupação em trabalhar problemas transversais, mas que digam respeito à igualdade, por exemplo, no turismo, onde foram criadas várias aplicações móveis para as famílias que utilizam carros de bebé, com mobilidade reduzida ou até para os mais idosos. Estas pessoas podem assim realizar o percurso mais conveniente de acordo com as suas condicionantes.

Números que têm vindo a crescer
No primeiro ano de implementação do projecto contra a desigualdade, em 2014, a Câmara Municipal do Funchal trabalhou de perto com 95 pessoas. Em 2015 o número subiu para as 520 e em 2016 cresceu ainda mais: 861. Este ano os dados até Março contabilizam 626 pessoas, sem contar, como é óbvio, com esta iniciativa.

“O grande segredo tem sido as parcerias. Juntas de freguesia, instituições ou Polícia de Segurança Pública ajudam no raio de acção e isso é muito bom”, constatou Madalena Nunes, realçando que agindo “sozinhos não somos nada”, isto porque a desigualdade “é um problema de toda a gente”.

Nas questões de igualdade a vereadora acha que “ainda falta muito a fazer”, destacando o prémio Maria Aurora, que tenta debater soluções para esta temática. “Arranjamos um prémio municipal que tem um valor de três mil euros”, incentivo que se tem mostrado “apelativo em termos de participações”, informou Madalena Nunes, adiantando que “este ano foi o que teve mais” concorrentes.

Lei da Paridade não foi aplicada nas últimas legislativas
Outra das presentes nesta sessão foi a deputada na Assembleia Regional da Madeira pelo Partido Socialista, Mafalda Gonçalves, que é também presidente do Departamento Regional das Mulheres Socialistas da Madeira.

A professora começou por congratular a CMF que “foi pioneira no tratamento destas questões”, sendo esta “uma boa alergia” que espera “contagiar outros municípios”. Mafalda Gonçalves acredita que a mudança de mentalidades que ainda é necessária fazer na nossa sociedade só lá vai com duas vias: educação e legislação.

No primeiro ponto, e “porque tudo começa na educação”, a escola desempenha “um papel fundamental”, onde num primeiro momento “é necessário fazer-se um trabalho para a eliminação da linguagem sexista”.

Em relação à segunda mudança, esta prende-se com questões com a punição e acompanhamento dos agressores em casos de violência doméstica, sendo necessários, no parecer da deputada regional, programas de reabilitação que aqui na Região “não são implementados”, pois implica um grande investimento “que tem de ser feito”.

A socialista mostrou-se igualmente crítica em relação à Lei da Paridade que não foi cumprida nas últimas eleições legislativas na Madeira, considerando mesmo “um escândalo” que esta premissa não tenha sido cumprida.

Para quem não sabe, esta linha estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as autarquias locais são compostas, de modo a assegurar a representação mínima, por 33% de cada um dos sexos.

As mulheres fazem o dobro que os homens nas tarefas domésticas
Em representação da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) esteve Joana Martins, que começou por congratular todos os presentes pela luta que têm travado a favor do feminismo.

Desta parceria desenvolvida com a CMF, esta associação realizou um diagnóstico social pela igualdade de género, onde através de 500 questionários anónimos, abrangendo todas as faixas etárias e várias localidades da capital madeirense, puderam identificar onde estão as maiores desigualdades.

“A nível da partilha de tarefas domésticas, as mulheres fazem o dobro que os homens e estão também mais desprotegidas socialmente, com assédio sexual e a violência doméstica e de género”, disse Joana Martins, evocando a sigla pela qual o movimento da UMAR se rege: ‘Somos diferentes com os mesmos direitos’.

Outras questões foram também abordadas pela porta-voz do núcleo regional desta associação como a desigualdade salarial para o mesmo cargo e a dificuldade de acesso às mesmas funções laborais.

* "As mulheres fazem o dobro que os homens nas tarefas domésticas" e a custo zero


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