26/10/2017

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ANTEONTEM NO 
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
O homem que defende que os fogos
 não se apagam com água

Tiago Martins de Oliveira, escolhido para liderar a estrutura de missão que vai repensar o combate aos fogos, anda há 20 anos a apagar incêndios, que acumula com a experiência académica. Defende a prioridade à prevenção e, no combate, encara os meios aéreos como último recurso. 

"Os grandes incêndios não se combatem com água." Há anos que a ideia é repetida por Tiago Martins de Oliveira, empossado esta terça-feira presidente da Estrutura de Missão para a instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais. Em vez das mangueiras e dos autotanques que nos habituámos a ver nos fogos que têm assolado o país, sustenta que o combate deve ser feito retirando a matéria combustível, com recurso a ferramentas manuais e com técnicas de fogo controlado.
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Com experiência académica, mas também de terreno, Tiago Oliveira é considerado um especialista na prevenção e combate a incêndios. Crê na ciência e na engenharia, mais do que na boa vontade.

Aos 48 anos, natural do Porto, este engenheiro florestal e sapador foi escolhido pelo primeiro-ministro como responsável pela estrutura que vai repensar o combate aos fogos. Como aconteceu noutros governos, também pelo actual já tinha sido chamado a dar a sua opinião sobre o tema. Mesmo não tendo sempre no passado estado de acordo com António Costa.

Em 2005, era Sócrates primeiro-ministro e Costa ministro da Administração Interna, foi um dos responsáveis pela proposta técnica do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Um documento, pedido pelo Executivo após os incêndios de anos anteriores, que nunca saiu da gaveta.

Nele já eram sugeridas muitas das soluções propostas agora pela comissão técnica independente nomeada pelo Parlamento para analisar os factos relativos aos incêndios de Pedrógão Grande de 17 de Junho, a que a estrutura de missão irá dar cumprimento. A mudança de paradigma é uma velha batalha que Tiago Oliveira defendia e defende, e que irá agora pôr em prática.

A prioridade à prevenção, um comando único e a profissionalização dos bombeiros eram medidas então preconizadas pelo grupo de especialistas do trabalho pedido ao Instituto Superior de Agronomia, em que Tiago Oliveira deu apoio à coordenação.

Mas, "porque não havia dinheiro", o Governo de José Sócrates pôs o plano de parte. A proposta técnica apresentada avançava um investimento global, para o período 2006-2010, de cerca de 678 milhões de euros, dizendo que parte já estava orçamentado. A título de comparação e para dimensionar a ordem de grandeza do programa, os seus responsáveis sublinhavam no documento que a realização do Euro 2004 tinha exigido 807 milhões de euros e a Expo 98 havia atingido 1.490 milhões.

* Desejamos muito que a estrutura de missão obtenha bons resultados

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