20/10/2017

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 HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/ 
/DA MADEIRA"
Novo responsável da Protecção Civil
 é mais adepto da prevenção 
do que do combate

O novo secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves, foi presidente da Câmara de Arouca, um concelho que recentemente enfrentou incêndios violentos, o que levou o futuro governante a preferir mais prevenção do que combate aos fogos.
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José Artur Neves, nascido há 54 anos em Arouca e nomeado hoje para a nova pasta da Protecção civil, iniciou o seu percurso político como presidente da Junta de Freguesia de Alvarenga entre 1993 e 2001, paralelamente à sua actividade no sector da construção, sendo licenciado em Engenharia Civil.

Depois, foi eleito presidente da Câmara Municipal de Arouca pelo PS em 2005 e abandonou este ano a actividade autárquica por limite de mandatos.

O novo governante, que vai gerir os meios de combate a incêndios, quando Portugal regista em 2017 o pior ano da última década em fogos florestais, com mais de cem mortos e acima de 500 mil hectares de área ardida, liderou durante 12 anos um concelho que, nos últimos dois, foi severamente atingido pelas chamas.

Em Arouca, entre 07 e 17 de agosto de 2016, arderam 15.500 hectares de floresta, o que provocou prejuízos que a autarquia estima em mais de cem milhões de euros, naquele que foi um dos piores incêndios daquele ano, combatido por mais de 900 bombeiros, com o apoio de nove meios aéreos.
No seguimento do incêndio do ano passado, José Artur Neves reclamou mais poder para os municípios em termos de gestão florestal, defendendo a plantação de árvores autóctones, nas margens das estradas e das linhas de água.

“Se construirmos na margem destas estruturas físicas, [plantarmos] árvores resilientes à propagação dos incêndios e (...) os proprietários florestais respeitarem essas faixas, rapidamente e em poucos anos teremos o problema resolvido”, declarou José Artur Neves, acrescentando que “os autarcas devem ser responsáveis por tudo aquilo que se passa no seu território”.

Defendeu também que cada concelho adopte um plano de ordenamento e gestão florestal próprio, a implementar de forma integrada com os territórios vizinhos.

“De outra maneira, o Estado não tem forma de controlar os riscos e nunca mais põe fim a este ciclo de horror que desestabiliza a vida de toda a gente”, observou.

A tónica do discurso de José Artur Neves foi sempre colocada na prevenção, considerando que o investimento em meios de combate iria “alimentar a ideia de que há aqui uma indústria de combate aos incêndios, que é perniciosa para todo este processo”.

Dos 328 quilómetros quadrados que constituem o concelho, 80% representava área florestal. De todo esse território, arderam 170 quilómetros quadrados, o que arruinou 58% da floresta do município. Essa destruição abrangeu 12.000 hectares de eucaliptal, do que resultaram perdas avaliadas em 35 milhões de euros, e 5.000 hectares de pinheiro, que teriam rendido 60 milhões.

No passado domingo, o pior dia do ano em incêndios florestais, um fogo que deflagrou em Vale de Cambra, Aveiro, e alastrou até Arouca, chegou a ser dado como descontrolado pelas autoridades e a ameaçar casas.

Numa reacção à Lusa logo após a sua nomeação, José Artur Neves, defendeu que “estruturar uma força de protecção para as pessoas” é o desígnio “mais importante” neste momento, considerando “honroso” servir o Estado numa situação complexa.

O futuro tutelar da nova pasta destaca o seu “conhecimento de um espaço rural, imenso, com muitas aldeias isoladas, com muitas dificuldades de acesso”.

“E um conhecimento claro do funcionamento das estruturas a nível local e da importância que elas têm para nos ajudar a estruturar uma força de protecção para as pessoas, fundamentalmente. No momento imediato teremos que encarar esse desígnio como o mais importante nesta altura, envolvendo autarcas”, sublinhou.

O cargo de secretário de Estado da Protecção civil não era criado desde 2008 quando o Governo então chefiado por José Sócrates apontou José Miguel Medeiros para o cargo, que exerceu até outubro de 2009.

Segundo notas curriculares divulgadas hoje pelo Governo, o novo secretário de Estado pertenceu durante dez anos, entre 1988 e 1998, aos quadros superiores da Brisa Autoestradas de Portugal, tendo sido também director de Construção na Autoestradas do Atlântico e gestor de contratos no Grupo Cerejo dos Santos.

* Concordamos que a prevenção é prioritária em relação ao combate, só que o imediato precisa de combatentes preparados e com meios e a prevenção precisa de ser estruturada com tempo.
O imediato também precisa de esclarecimento total sobre a negociata da contratação dos meios aéreos.
Ao novo responsável desejamos sucesso.

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