HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Empresários já assimilaram a geringonça e vêem o País mais competitivo
Segundo o índice do Fórum Económico Mundial, em 2017 Portugal está mais competitivo quando comparado com outros países, mas também em termos absolutos. Os empresários têm uma visão mais positiva do que no pré-troika e do que em 2016, ano em que a geringonça tomou a condução política e o indicador se deteriorou.
Em 2017 a avaliação dos empresários sobre a competitividade da economia nacional recuperou da quebra registada em 2016,
quando o PS chegou ao poder com o apoio da geringonça, e encontra-se
agora aos níveis de 2006 (o melhor ano desde que esta série existe).
Esta melhoria na percepção das empresas acabou por influenciar também
positivamente a posição que o País ocupa no ranking internacional do
Fórum Económico Mundial, sendo agora Portugal a 42ª economia mais competitiva.
O
Índice de Competitividade Global do Fórum Economico Mundial, que em
Portugal é coordenado pelo FAE (Forum de Administradores e Gestores de
Empresas), a PROFORUM (Associação para o Desenvolvimento da Engenharia) e
a AESE Business School, foi apresentado esta quarta-feira, 27 de
Setembro e produz dois tipos de indicadores.
Por um lado,
produz anualmente uma pontuação sobre a situação competitiva da economia
nacional. Esta pontuação – que assenta fundamentalmente em inquéritos a
empresas e é complementado com indicadores estatísticos - varia entre
zero e sete, tendo este ano atingido os 4,57 pontos, um valor que
recupera da quebra que tinha sido registada no ano passado, e que não
encontra paralelo desde 2006.
Resultando
sobretudo das percepções de quem está à frente das empresas, a
recuperação deste indicador mostrará que "o efeito da geringonça está
assimilado" notou José Ramalho Fontes, presidente da AESE, durante um
encontro com jornalistas.
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Esta melhoria acabou por contribuir também para uma recuperação da
posição nacional no Índice de Competitividade Global elaborado pelo
Fórum Economico Mundial, onde este ano Portugal galgou quatro lugares e
subiu à 42ª posição, ultrapassando a Itália, Maurícias, Panamá e o
Kuwait.
Ainda assim, Portugal
está longe de recuperar para a sua melhor posição atingida na série
internacional – o 36º lugar alcançado em 2014 – cuja liderança é
encabeçada pela Suíça, os Estados Unidos, Singapura, a Holanda e a
Alemanha.
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A dívida pública, que ronda os 130% do PIB é o indicador que mais
negativamente pesa na competitividade internacional (coloca Portugal na
133ª posição), seguida da saúde dos bancos (129ª posição entre 137), a
eficácia do sistema de resolução de litígios (121ª posição), a carga
fiscal sobre o trabalho (120º lugar), e a regulação do mercado de
capitais (113ª posição). Destes indicadores, só o primeiro resulta de
uma evidência estatística, sendo os restantes resultado da percepção dos
empresários nacionais.
O efeito da geringonça está assimilado.
José Ramalho Fontes, presidente da AESE
Pela positiva, Portugal está numa posição privilegiada face à maioria
dos países avaliados, em áreas como a inflação e a ausência de barreiras
alfandegárias (resultante da sua pertença ao Euro) mas também na
qualidade das estradas e das infra-estruturas em geral, os baixos níveis
de criminalidade ou o tempo para iniciar um negócio.
Os países nórdicos e a Alemanha são muito
mais positivos do que os países do sul. Nós, se temos a empresa na
hora, achamos que ela devia ser ao minuto. É uma questão cultural que
influencia os resultados
Ilídio de Ayala Serôdio, presidente da proforum
75% estado de espírito, 25% estatística
O
ranking de competitividade do Fórum Economico Mundial avalia todos os
anos 118 indicadores, desde as infra-estruturas, a qualidade das
instituições, o ambiente macro-económico, o sector financeiro, passando
pelos impostos, até às leis e regulamentos de cada país.
A
pontuação tem como ponto de partida um inquérito de opinião conduzido
em simultâneo em cada um dos 137 países (que pesa 75% do total) e em
estatísticas internas (que pesam 25%), pelo que deve ser lido sobretudo
como um índice de percepção da competitividade dos empresários de cada
país, sobre o seu próprio país.
Ilídio de Ayala Serôdio,
presidente da Proforum, reconhece que factores como o famoso pessimismo
luso pode prejudicar a posição nacional no ranking – "os países nórdicos
e a Alemanha são muito mais positivos do que os países do sul. Nós, se
temos a empresa na hora, achamos que ela devia ser ao minuto. É uma
questão cultural que influencia os resultados".
Ainda assim,
sublinhou o responsável no encontro com jornalistas, tem sido feito um
esforço de pedagogia junto das empresas, para que sejam o mais
objectivas possível nas respostas, a par com uma tentativa de
diversificação da amostra. Em Portugal, os inquéritos foram conduzidos
em Abril e Maio e contaram com 140 respostas (tinham sido 220 em 2016)
uma taxa de participação que está entre as maiores entre os 137 países
envolvidos (a amostra nacional é a 13ª maior).
Para Luís Filipe
Pereira, do FAE, estes resultados são animadores, já que "este é um dos
primeiros indicadores para os quais um investidor estrangeiro olha"
quando procura um destino para investir, mas sublinha que o País tem de
"continuar a desenvolver esforços para melhorar".
* Ao fim de quase dois anos a "Geringonça" deixou de ser papão para muitos empreendedores portugueses, vale mais tarde do que nunca.
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