ESTA SEMANA NO
"SOL"
CDS já admite governar
no futuro com o PS
Se PCP e BE falharem a Costa em futuras eleições, e se não houver maioria absoluta, já há um partido disponível para nova ‘geringonça’. O CDS já não se vê a governar com Passos e mais depressa apoiará um governo de Costa.
Na semana em que os dois partidos que sustentam o Governo minoritário
de António Costa - o BE e o PCP - classificaram a sua ‘geringonça’ como
irrepetível, a direita escutou.
Se a pergunta, hoje, é como derrotar uma solução de Governo que
apresenta resultados e não perde popularidade - antes pelo contrário -, a
pergunta para amanhã é o que fazer depois dessa solução se esgotar.
Do lado do CDS, o vácuo de poder que Jerónimo de Sousa e Catarina
Martins anunciaram - ou ameaçaram - ao PS na última semana, é visto,
para alguns, como oportunidade.
.
Ao que o SOL apurou junto de fontes próximas da direção centrista, a
lógica do «partido charneira» - de pêndulo equilibrador entre o
centro-esquerda do PS e o centro-direita do PSD - não está distante da
atual liderança. «Esse é um centrismo que dá muito trabalho. Quando o
Freitas [do Amaral] fez campanha à base dessa ideia teve um dos piores
resultados da história do partido», relembra ao SOL um senador dos
democratas-cristãos.
Mas a verdade é que, desde aí, o ‘charneirismo’ evoluiu dentro do
CDS. O partido viabilizou vários Orçamento do Estado do Governo PS de
António Guterres, e envolveu-se ativamente nas negociações de outro
Orçamento do Estado, quando Sócrates falhou a segunda maioria absoluta,
apesar de o ter chumbado no desenlace final.
«A Assunção viu bem de perto os constrangimentos que o partido teve
quando governou com o PSD de Passos Coelho. Não me parece que seja algo
que alguém com a ambição e a personalidade dela queiram neste momento.
Ser vice-PM ou ministra da Justiça com Passos a governar? Para quê?»,
acrescenta o mesmo centrista, relembrando também o gosto tomado pela
presidente de partido pela política local, enquanto candidata à Câmara
de Lisboa. «Veja a campanha dela: ação social, ação social, ação social.
A democracia-cristã e o socialismo democrático não são inimigos
tradicionais. E ela é claramente uma democrata-cristã», continua. «Sendo
que são ambos europeístas e que hoje até falam de obras públicas ao
mesmo tempo, acha mesmo que o Costa [António] e ela [Assunção] não se
entendiam?», deixa no ar.
Dentro do grupo parlamentar, todavia, ainda que não se negue a
possibilidade como estratégia de Cristas a longo prazo - principalmente
com a queda acentuada do PSD em sondagens - há outro ponto de vista que
ressalta: «Mesmo que, de facto, a liderança quisesse isso, não estou a
ver este primeiro-ministro romper com a união das esquerdas. É um
garante de paz nos sindicatos, na imprensa e na popularidade que outra
solução nunca lhe daria». O problema, que bem se avistou nos últimos
dias, é que António Costa até pode preferir a eternização da sua maioria
de esquerda. A esquerda é que pode não lha dar.
‘Geringonça’ nunca mais?
Catarina Martins foi de uma dureza extraordinária ao anunciar que a
‘geringonça’ é irrepetível. É a campanha autárquica? As negociações para
o Orçamento do Estado? Se é tática ou decisão definitiva, será preciso
esperar para ver. A verdade é que a líder do BE disse, preto no branco,
que a solução atual «não é repetível».
«O acordo que existe tem a ver com uma conjuntura e uma relação de
forças muito específicas, portanto não é repetível», afirmou Catarina
Martins em entrevista ao Expresso. Segundo a líder bloquista, tudo
aconteceu apenas devido aos «anos destruidores» do Governo de Passos
Coelho e do objetivo de impedir a direita de governar outra vez.
A recusa em repetir a solução de Governo também foi anunciada por
Jerónimo de Sousa. O PCP irá para o Governo quando tiver votos para ir
para o Governo, disse Jerónimo, repetindo aquilo que, em todas as
campanhas anteriores, os comunistas sempre disseram.
* Parece que a líder do CDS até governaria com Jerónimo ou Catarina se algum deles quisesse, importante é o "pouvoir".
.
Sem comentários:
Enviar um comentário