HOJE NO
"OBSERVADOR"
Roubo em Tancos.
Oficiais vão depor espadas
em Belém em protesto
O protesto contra a demissão de cinco comandantes, na sequência do roubo de armas em Tancos, foi convocado por email e está marcado para quarta-feira, às 11h30, em Belém.
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Os oficiais do Exército estão a ser convocados a depor as suas
espadas à porta da Presidência da República, em sinal de protesto pela
demissão de cinco comandantes na sequência do roubo em Tancos. A notícia
está a ser avançada pelo Expresso, que adianta que a convocatória, marcada para quarta-feira às 11h30, está a ser feita por email.
Este
protesto tem por objetivo pedir a exoneração do chefe do Estado-Maior
do Exército (CEME), Rovisco Duarte, e do chefe do Estado-Maior General
das Forças Armadas, Pina Monteiro e protestar contra a demissão
temporária de cinco comandantes.
A intenção é “demonstrar a indignação,
através da entrega da espada, símbolo do comando de oficiais, pela
exoneração e humilhação pública, familiar, social a que foram sujeitos
os nossos camaradas” e “pedir a recondução dos coronéis exonerados no
comando das unidades e um pedido formal de desculpas pela Instituição
aos seus familiares e camaradas de armas”, refere o email, citado pelo
Expresso.
Há ainda uma série de regras que constam no email às quais os
manifestantes deverão obedecer: para além de terem de levar as espadas,
terão de estar fardados, com o “uniforme nº1, sem condecorações, só com
os crachás de especialidade”.
A manifestação começará em frente ao
Monumento aos Mortos, em Belém, e seguirá até ao Palácio de Belém em
marcha silenciosa. Nessa altura, os oficiais irão depositar as suas
espadas em frente à residência de Marcelo Rebelo de Sousa, comandante
supremo das Forças Armadas — que, até ao momento, nada disse sobre a
demissão dos comandantes.
Questionado sobre este protesto, esta segunda-feira, o Presidente da República não quis comentar.
Recorde-se que o chefe do Estado-Maior do Exército disse,
este sábado, ter exonerado cinco comandantes das unidades ligadas à
segurança dos paióis de Tancos “por uma questão de clareza e para não
interferirem com o processo de averiguações”.
Loureiro dos Santos: “É uma manifestação muito grave”
O antigo chefe do Estado-Maior do Exército, o general Loureiro dos
Santos, considera esta manifestação “muito grave”, sublinhando que este
tipo de protesto só se faz “em situações extremamente graves”. “Não sei
se o que se passou o justifica.”, acrescenta.
O general afirma
ainda que toda esta situação “dá a impressão” que “os militares são os
culpados do que está a acontecer”. Ainda assim, está na dúvida se esta é
a melhor maneira de os oficiais demonstrarem o seu desagrado.
“Em
boa verdade, os oficiais do Exército sentem que não estão a ser
tratados da forma mais correta do ponto de vista dos seus direitos e
deveres.”
E vai mais longe. “Se estivesse no ativo e me sentisse lesado,
eventualmente participaria [no protesto]”, afirma Loureiro dos Santos,
acrescentando que nunca participou em manifestações deste tipo quando
estava no ativo. “Se eles entendem que há razões para fazer, devem
fazê-lo.”
Relativamente ao atual CEME, o general considera-o “um
homem sério”, “capaz”, “responsável”. “Tenho a melhor impressão do atual
CEME. Não sei até que ponto merecerá posições da natureza daquelas da
manifestação.”
* A ideia não é má, mas seria preferível entregarem as espadas a quem roubou o paiol, dariam melhor uso às ferramentas.
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