ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Falsear contas?
Sim, responde um em cada
cinco gestores em Portugal
Gestores dispostos a falsear informação financeira em Portugal acima da média da Europa Ocidental, revela inquérito da EY
As empresas têm cada vez mais obrigações
legais e regras a cumprir, por exigência dos reguladores, para garantir a
ética nos negócios. Mas a perceção dos gestores é de que a corrupção e o
suborno ainda são prática comum.
De acordo com um inquérito sobre fraude da consultora EY, 60% dos
inquiridos em território nacional consideraram que as práticas de
corrupção “ocorrem amplamente” nos negócios e no meio empresarial. Mais
do que isso, quando questionados sobre se estariam dispostos a falsear
informação financeira para atingir objetivos, 21% disseram que sim.
Inquiridos sobre se pagariam subornos para ganhar ou manter um negócio,
12% responderam afirmativamente. Estas percentagens são bastante mais
altas do que a média dos países da Europa Ocidental, de 6% e 10%,
respetivamente.
“Portugal tem vindo a melhorar a sua
posição, mas continua distante dos melhores países classificados neste
inquérito”, sublinha Pedro Cunha, partner da EY em Portugal para a área
de investigação de fraude e serviços de contencioso.
No inquérito anterior, de 2015, tinham sido 82% os inquiridos que
consideraram que as práticas de corrupção ocorriam amplamente nos
negócios. Ou seja, Portugal passou do quinto país com a percentagem mais
elevada, para o 19.o, o que demonstra, segundo Pedro Cunha, “uma
crescente consciencialização da importância que estas matérias têm hoje
na nossa sociedade”.
O inquérito da EY revelou ainda que 30% consideram que a regulamentação
teve um impacto positivo na dissuasão de comportamentos menos éticos e
91% concordaram que um aumento das ações legais contra pessoas
singulares ajudaria a diminuir a fraude, suborno e corrupção.
Apesar da melhoria registada por Portugal, o responsável da EY considera
que “os resultados do inquérito mostram que existe ainda um longo
caminho a percorrer”.
As empresas devem “criar os mecanismos necessários para apostar numa
comunicação regular, quer através de formação, de newsletters ou
jornais, de modo a procurar consciencializar e sensibilizar, não só
colaboradores internos como entidades terceiras sobre comportamento
ético e íntegro”, afirma Pedro Cunha.
Há empresas que têm canais de denúncia, mas os números indicam que
apenas 14% dos inquiridos portugueses afirmaram saber da sua existência.
“É de extrema importância para as empresas dotar os colaboradores de
meios para que os mesmos denunciem alegados comportamentos menos
éticos.”
* Os gestores terão sempre a esperança de ver um hipotético processo em que sejam arguidos, devidamente arquivado.
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