HOJE NO
"OBSERVADOR"
Presidente da Uber
abandona Donald Trump
Travis Kalanick justifica-se, dizendo que a sua participação no grupo de conselheiros do presidente Donald Trump para as questões económicas nao era uma validação das suas políticas.
O presidente da Uber diz que sentiu forçado a virar as costas ao
presidente norte-americano e a abandonar o grupo de conselheiros de
Donald Trump para os assuntos económicos. A sua participação no grupo
“não significava o apoio ao presidente ou à sua agenda”, mas o
afastamento face às últimas medidas era a única saída, justificou Travis
Kalanick.
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A explicação foi dada depois de já ter tomado a decisão
de sair do grupo de conselheiros de Trump. Perante a (nova) onda de
críticas de que estava a ser alvo por parte de cidadãos norte-americanos
— no dia da tomada de posse do novo presidente dos EUA, manifestantes
levantaram cartazes com a frase “A Uber colabora com Trump” — , o líder
da Uber lamenta ter sido “mal interpretado” nas suas intenções e
anunciou que deixa de fazer parte do grupo de confiança do presidente
dos EUA, avançam a BBC e a CNN, que tiveram acesso à carta enviada por Kalanick aos empregados da empresa de transporte.
Na carta, o responsável da Uber explica que falou esta
quinta-feira com Donald Trump para dar-lhe conta da sua decisão. Na
conversa, relata Kalanick na carta que enviou esta quinta-feira aos
trabalhadores da empresa, falou-se da decisão de Trump de fechar a porta
de entrada nos EUA a imigrantes e dos impactos que essa decisão terá
para a “comunidade” norte-americana Uber — muitos dos motoristas a
operar em nome da empresa são imigrantes. “A assunção implícita de que a
Uber (ou eu próprio) apoiava de alguma forma a agenda da Administração
criou um vazio entre a perceção e a realidade relativamente àquilo que
as pessoas pensam que somos e aquilo que de facto somos”, escreveu
Kalanick.
A Uber já tinha anunciado um pacote de três milhões de dólares em
aconselhamento jurídico para apoiar os seus trabalhadores que tivessem
sido apanhados pelas condições impostas pela ordem executiva assinada
por Trump.
Agora, a decisão de Kalanick de distanciar-se da
Administração Trump mereceu o aplauso pela associação independente de
condutores do país. “Este é um importante sinal de solidariedade para
com os condutores imigrantes que ajudaram a construir a Uber e que são
mais de 40 mil só em Nova Iorque”, disse Jim Conigliaro, fundador do
grupo, citado pela BBC.
Na semana passada, a posição de Travis
Kalanick era bastante diferente. Também numa comunicação interna da
empresa, o presidente da Uber defendeu junto dos mesmos trabalhadores a
ideia de que era importante manter a comunicação aberta com a Casa
Branca: “Fazemos parceria com toda a gente no mundo, desde que pretendam
melhorar os transportes urbanos, criar oportunidades de emprego,
facilitar as deslocações, acabar com a poluição e com o trânsito nas
ruas”.
Nesse momento, a Uber já lidava com outra frente de ataque,
com pedidos de #deleteuber (apagar a Uber, numa referência à aplicação
da empresa que permite usufruir dos serviços de transporte). A onda de
críticas ganhou rapidamente dimensão depois de os carros da empresa
terem sido detetados a deixar passageiros nos aeroportos dos EUA,
furando a greve dos taxistas.
* Por cada crítico que sai estão milhares em fila para o lugar de lambe-botas.
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