28/01/2017

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ESTA SEMANA NO   
"OJE/JORNAL ECONÓMICO"

EPAL quer exportar 
fábrica de água 100% sustentável

ETAR da Guia é um projeto único, é a maior estação portuguesa de tratamento de águas residuais, autosuficiente em termos energéticos e um modelo que pode ser exportado.

A EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres está a ponderar a exportação da tecnologia e do modelo da ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais da Guia, em Alcabideche, nos arredores de Lisboa, para diversos mercados internacionais. Mas qualquer processo nesse sentido dependerá sempre da decisão política do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que exerce a tutela sobre esta empresa pública, segundo se depreende das declarações exclusivas que José Sardinha, presidente da EPAL, prestou ao Jornal Económico.
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“Toda a tecnologia e métodos de trabalho utilizados para a prossecução e êxito deste projeto são perfeitamente suscetíveis de exportação para qualquer país de acordo e em consonância com as linhas definidas pelo Ministério do Ambiente para a internacionalização das competências portuguesas neste setor”, adiantou José Sardinha ao Jornal Económico.

A ETAR da Guia é a maior estação de tratamento de águas residuais portuguesa e a primeira ETAR nacional autossuficiente em energia, sendo uma das poucas no mundo com este nível de sustentabilidade ambiental, de acordo com as informações prestadas pela EPAL.

“Com um sistema de cogeração que se baseia no aproveitamento do poder calorífico do biogás, produzido pela digestão anaeróbia de lamas, para produzir energia elétrica, bem como a implementação de outras medidas, a ETAR [da Guia] passou de um consumidor intensivo de energia externa, para uma verdadeira fábrica de água, autossuficiente em energia, projeto realizado com base em recursos e capacidades dos trabalhadores da EPAL constituindo um exemplo da excelência da engenharia e tecnologia 100% portuguesa”, assegura a empresa liderada por José Sardinha.

Segundo a EPAL, “a energia é o principal custo operacional das entidades gestoras do ciclo da água, sendo que esta nova valência permitirá poupar cerca de um milhão de euros por ano” à empresa pública responsável pelo abastecimento de água à maioria da população residente na região da Grande Lisboa.

“A ETAR da Guia é considerada um projeto único que já conquistou um lugar de destaque como uma das maiores obras de engenharia do País e, agora, volta a posicionar-se como uma instalação verdadeiramente sustentável. A empresa tem tido um papel bastante ativo no que diz respeito à defesa do meio ambiente, sendo esta mais uma prova da sua atuação no sentido de atingir uma mudança de atitude na sua proteção”, destaca a administração da EPAL, que garante que a ETAR da Guia “é apenas a primeira, mas poderá constituir-se como um bom exemplo a replicar, em instalações similares, por todo o País”.

Em declarações ao Jornal Económico, José Sardinha sublinha que “o exemplo da ETAR da Guia tem um potencial enorme para ser replicado por outras unidades do Grupo Águas de Portugal e por qualquer unidade portuguesa ou internacional”.

“O sucesso deste exemplo terá procura no mercado nacional e internacional porque é um exemplo de sustentabilidade único nesta área do ambiente, permitindo, no caso da ETAR da Guia, evitar emissões na ordem de 6 mil toneladas de  CO2 [dióxido de carbono]/ano”, assegura o presidente da EPAL.
No entanto, José Sardinha explica que “nem todas as ETAR [da EPAL] têm uma dimensão ou uma conceção processual que lhes permita serem produtoras de energia a partir do biogás produzido nos processos de tratamento”.

“A ETAR da Guia possui a dimensão e a conceção para produzir energia. No contexto atual das ETAR produtoras de energia, a sua capacidade de auto-produção responde apenas por uma pequena parte do consumo total de energia da instalação. Na ETAR da Guia desenvolveu-se uma metodologia de trabalho de otimização processual e tecnológica que permitiu atingir-se a autossustentabilidade energética, caso único em Portugal e um dos poucos no mundo inteiro”, destaca o presidente da EPAL.

José Sardinha acrescenta que “a contínua aposta na qualificação dos recursos humanos da EPAL constitui o aspecto determinante para conseguir desenvolver soluções 100% portuguesas que permitiram que o investimento fosse de 400 mil euros, gerando uma poupança anual de cerca de um milhão de euros”.

José Sardinha revelou ainda que, “após o êxito do projeto na ETAR da Guia, a EPAL irá iniciar a sua replicação para outras unidades, resultando em investimento virtuoso, com retorno imediato”, mas sem quantificar valores.

* Um modelo de empresa na estrada do Guincho.

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